sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Emília Josefina Coimbra de Mello - a Mila!

EMÍLIA JOSEFINA COIMBRA DE MELLO
A MILA
Uma itaquiense casando com o maior herói da marinha brasileira. Pode?!
Pesquisa: Prof.º Paulo Corrêa dos Santos

Foto da obra de Godofredo Tinoco, 1956, raridade, em nosso poder. Mila, quando do casamento com Saldanha da Gama

Emilia Josefina Coimbra de Mello era filha de José Caetano de Mello e Auta Coimbra de Mello. Nasceu em Itaqui, em 27 de agosto de 1850, sendo batizada em 21 de setembro de 1850.
Casou oficialmente com o Tenente da Marinha Brasileira, Luiz Felipe Saldanha da Gama, que servia na Flotilha do Alto Uruguai, sediada na barra do Cambaí, a partir de 1866. O casamento foi oficiado pelo primeiro padre de Itaqui, José Coriolano de Sousa Passos. O mesmo padre que deu origem à família Passos em Itaqui, RS. O enlace durou apenas 8 dias. Saldanha da Gama fora chamado para o teatro da Guerra do Paraguai que se desenrolava então, nunca mais se encontraram.
Mila, como era conhecida Emilia Josefina, veio a se unir com o estancieiro de Santiago do Boqueirão, Antonio José de Barcellos, mais velho do que ela, Com Antonio José de Barcellos veio a ter os seguintes filhos:
1.    Otávio José de Barcellos ou Mello Barcellos (não se sabe bem como foram registrados, mas predominava o nome do pai, visto que não eram casados oficialmente). Otávio foi batizado por José Caetano de Mello Filho, irmão de Mila. Acredita-se que Otávio tenha casado com Amália Barcellos;
2.    Ramiro José de Barcellos, batizado em 1877, pelos avós maternos José Caetano de Mello e Auta Pereira Coimbra de Mello. Ramiro, em 1902, aparecia como Tenente-quartel-mestre, da Guarda Nacional. Em 1910, era Major-fiscal desta mesma instituição. Ramiro seria casado com Margarida Frota Barcellos, sendo pais de:
2.1.        Pedro Emílio, batizado em 16 de julho de 1916, nascido em Santiago do Boqueirão, em 02 de junho de 1916;
2.2.        Ramiro Frota de Barcellos, nascido em Santiago, em 20 de abril de 1905, falecido em Porto Alegre, em 22 de setembro de 1983;
2.3.        Mário, nascido em 27 de março de 1914, e batizado em 16 de julho de1916, em Santiago do Boqueirão
3.    Annibal José de Barcellos, batizado em 1878, pelos tios Hildebrando Caetano de Mello e Maria Evangelina. Annibal faleceu precocemente, ainda criança;
4.    Cyro José de Barcellos nasceu em 1883, batizado por Jerônimo José de Barcellos e Baldira Ramos Viana. Cyro em 1902 era Alferes da Guarda Nacional. Há informação de que fazia parte da diretoria que fundou o Colombo Futbal Club, de Pelotas;
5.    Rosa José de Barcellos ou Mello Barcellos, nascida em 26 de junho de 1880, batizada em 05.07.1881, em Itaqui, batizada pelo Capitão Francisco José da Cruz e Julieta de Mello Barcellos, sua tia;
6.    Ada, sem maiores dados; casada. Ada foi com quem Mila foi morar no Rio de Janeiro a partir de julho de 1931, tinha como filhos:
6.1.        Pompeu Barbosa de Mello, formado em Medicina, no Rio de Janeiro (nessa época, o nome da avó aparece como Emilia Barbosa de Mello – não se sabe por que o sobrenome Barbosa noticiado pela imprensa carioca);
6.2.        Dalila Frota de Matos casada com Dr. Leônidas Anthero de Mattos. Dalila e Dr.º Leônidas eram pais de:
6.2.1. Arthur Frota, nascido em 1922;
6.2.2. Leônidas, nascido em 1924;
6.2.3. Anthero;
7.    Maria, falecida em Itaqui, aos cinco dias de agosto de 1882, com 17 dias de existência.
Mila fora batizada na igrejinha do Beco (hoje chamado de Beco Antonia Loureiro, ao lado da atual Câmara de Vereadores), chamada de Nossa Senhora da Conceição. Seus padrinhos de batismo foram os avós maternos Francisco José Pereira Coimbra e Maria do Carmo Aguiar Coimbra. A crisma deu-se na nova igreja, frente à praça, na localização atual, em 04 de abril de 1864, pelo então Bispo, Dom Sebastião Laranjeiras, como madrinha a avó, D. Figueiredo Pereira. O padre que a batizou foi José Coriolano de Sousa Passos.

Foto da obra citada, acervo do autor

Mila era prima-segunda do Coronel Felipe Nery de Aguiar, primeiro intendente de Itaqui e líder militar na Revolução Federalista.
Existe uma obra, editada no Rio de Janeiro, com a segunda edição em 1956, chamada A vida trágica e amorosa de Luiz Philippe de Saldanha da Gama, que conta, em versão romanceada, o envolvimento de Mila com o Tenente Saldanha da Gama, que na época, em Itaqui, ainda não tinha 20 anos, com muitos detalhes da família e com fotos de Emília. O casamento, mesmo contra a vontade do pai, aconteceu em Itaqui, em 28 de janeiro de 1850, pelo padre Passos e com o testemunho do Chefe da Divisão Naval do Alto Uruguai, Vitorino José Barbosa de Lomba, sendo um dos acontecimentos sociais de maior evidência da Villa de Itaqui, na época. A obra citada, uma raridade, temos-na em nosso acervo.
Os comentários da época são os mais diversos. Há referência de que Saldanha soubera de que Mila andava trocando olhares com Israel Coriolano de Sousa Passos, filho do padre José Coriolano. Saldanha longe, ela aqui. As fofocas proliferavam. Ainda mais, depois que o pai de Luís Felipe soube de toda a tramoia do filho.
Saldanha da Gama, após 8 dias de casado, é convocado para a frente de batalha. Abandona seu navio Taquary, da Flotilha do Alto Uruguai, e apresenta-se ao navio-bombardeiro Forte de Coimbra. Trocam correspondência por 4 anos, mas não se reencontram mais.
Oito anos mais tarde, Mila conhece o fazendeiro Antonio José de Barcellos, de Santiago do Boqueirão, com quem se une e teve a filiação já citada.
Emilia Josefina vai mais tarde morar no Rio de Janeiro, com a neta Dalila Frota de Mattos. Em 28 de julho de 1931 sofre um acidente de carro na praia da Guanabara, com forte lesão na cabeça.
Nesse período já contava com 81 anos. Após esse acidente, a idosa passou a apresentar sinais de alienação mental. Pouco tempo depois, em 28 de julho de 1931, na rua Copacana, no Palácio Império, onde residia no apartamento 44, do 6.º andar, Mila suicida-se jogando-se da janela, tendo morte instantânea.
Foi enterrada no Cemitério São João Batista, durante 60 meses. Mais tarde, seus restos foram transladados para Santiago do Boqueirão, em 5 de outubro de 1936. O acidente de carro e o suicídio tiveram repercussão em jornais do Rio Janeiro, como por exemplo: Diário Carioca, edição 1003, página, Jornal A Esquerda, edição de 02/10/1931, Jornal A Batalha, edição 537, página 8, A Esquerda, edição 01090, de 29/07/1931.
Seu esposo, tenente, mais tarde Almirante Saldanha da Gama morreu em combate na Revolução Federalista, em 24 de junho de 1895, na região de Quaraí, no local denominado Campo Osório.
Há um relato de que Mila fora enterrada no mesmo cemitério onde jazia seu primeiro amor – o Tenente da Marinha, Saldanha da Gama. Inclusive, parece que estariam muito próximos na localização dos túmulos.
Seu segundo companheiro, Antonio José de Barcellos, faleceu em Itaqui, em 1885, deixando um testamento reconhecendo 10 filhos com três mulheres, sendo a última, Mila.
Muitos dados da filiação de Emilia com Antonio José de Barcellos ainda necessitam de confirmação, assim como a verdade sobre a não concretização do casamento dela com Luiz Felipe Saldanha da Gama. Os biógrafos do Almirante silenciam sobre esse fato. Informações outras dão conta de que Emilia teria requisitado, já viúva de Barcellos, pensão, através da Marinha, por parte de Saldanha da Gama. Não se sabe se foi atendida. Esta história ainda não está bem contada. Quem sabe o futuro traga respostas. Ou quem sabe o futuro não tenha nenhuma dessas respostas.

Belo material para um romance de época, com pitadas de realidade e ficção.

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