sexta-feira, 13 de outubro de 2017

seção #itaquijafoi!

Seção #itaquijafoi!
Reminiscências de um passado próximo que não passou!
Prof.º Paulo Santos

Um dia, atento, ouvia o que meus colegas de uma escola municipal conversavam numa pausa. Não eram coisas do presente. Não eram modernidades. Eram coisas do passado. Não um passado muito distante, mas próximo. Lembravam-se de situações corriqueiras, singelas, lúdicas e agradáveis de um Itaqui que não existe mais.
Apenas ouvia, entremeando algumas dúvidas.
Colegas e colegas lembravam do Itaqui passado – uma seção #itaquijafoi!
Pensei: com toda essa tecnologia, os meios de comunicação mais modernos, os produtos mais avançados, as mais altas das tecnologias, e os colegas sentindo falta de coisas singelas. Bregas, diríamos!
Lembravam, por exemplo: da Jaguariense – a primeira grande loja de Itaqui, parecia até um shopping center, tinha de tudo. Da Strassburger, sapatos de tudo que era tipo. Uma saudosista lembrou – que saudade do tempo que eu andava de conga. Depois, meus pais, com melhor situação compraram-me um quichute, depois um kids...coisa chique!
Um outro, brincalhão ao extremo, lembrou que levava os cadernos para a escola num saco de arroz Camil. Que coisa linda!  Como éramos felizes e não sabíamos! Hoje os smartfones de alta tecnologia, só faltam falar. Naqueles tempos os tijolões com teclado imenso, um peso exorbitante e aquele povo todo gritando para ser ouvido no outro lado. Como era romântico! Internet? Isso nem se pensava....
As opções de recreação – poucas! Boate da Breed, da Power. Cuja chiqueza era pedir uma dose de uísque com guaraná ao som do John Travolta! Tempos da brilhantina, ainda que com certas reservas de tempo cronológico. Algumas senhoritas cantavam: “tome um banho de lua, fico branca como a neve..” Celly Campello!
Uns colegas comentavam que seus pais e tios falavam das calças Lee, das bocas-de-sino e uns idiotas pós-modernos puxando um cigarro só para fazer pose.
As lojas hoje de 1,99 não eram novidades para a época. Lembravam do bazar do Jesus, perto da praça...ali tinha de tudo. Coisa linda ir para a praça matriz sentar nos bancos frente à Independência para ver as gurias passar. Depois aquelas intermináveis voltas na praça. O quiosque do Alizio. Os garotos mais liberados podiam pedir samba – cachaça com coca, que maravilha!
Hoje ouvimos Anita, os Mcs da vida, os pagodinhos fajutos, os “sertanojos pós-modernos” e as mulheres gritantes. Naquele tempo, ouvia-se Rod Stuart, Super Tramp, Bee Gees, Fred Mercury, Jovem Guarda, Belchior, Raul Seixas, Zé Ramalho, Roberto e uma centena de grandes cantores e cantoras. As turmas tomavam seus tragos, sim, mas dançavam. Hoje, tomam mais do que tragos e só rebolam. Isso é o que meus colegas comentavam.
Lembravam de pessoas. De pessoas engraçadas. De tipos. Do Pitoco, por exemplo. Do Chita trazendo os chibos da Argentina. Lembrei do Pitoco, o velho, um dia na frente do Unibanco. Queria um cigarro e saiu-se com essa: - me dá um cigarro, que deixei minha carteira de Charme encima da tv a cores! Pode?
Agora, já era! As pessoas estão de cabeça baixa! Por quê? Ora, simples! Estão teclando em seus celulares. Como diria Jonh Lennon – O sonho não acabou! Engana-se ele. Acabou sim!
Acabou a poesia da singeleza. Acabou a simplicidade. A pureza das coisas mais corriqueiras. A magia das sensações mais inusitadas.
Veio o progresso. Com ele veio a mais devastadora das tecnologias – o celular.  Cada um enovelou-se em um mundo próprio. Ninguém anda mais do que dois metros. O mundo está na ponta de uma tecla,
E daí?
A alegria daquele tempo não sai das lembranças. As pessoas estão se dando conta de que o presente não está substituindo aquele passado lindo.  E aí lembro de um verso do Raul, para terminar essa seção #itaquijafoi!;
“- Para o mundo que eu quero descer!”


3 comentários:

  1. Ah professor, sempre atento ao que se passa em seu redor! Adorei o texto, a propósito: com uma xícara de café ao pé da mesa!

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  2. �������� Verdade Roneti, faz seu cafezinho ao pé da mesa, quieto sem fazer nenhum tipo de comentário, mas, registrando tudo em seu HD(cérebro), para depois nos surpreender com esse texto lindo. Parabéns! Prof. Paulo, que Deus continue lhe abençoado cada vez mais com esse dom maravilhoso.

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  3. Professor Paulo texto maravilhoso, agradeço por fazer parte de uma turma de Professores como é nossa é principalmente de termos uma pessoa como senhor em nosso meio, com essa genialidade, dom das letras!

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