sábado, 9 de dezembro de 2017

Padre José de Noronha Nápoles Massa - Parte 2

PADRE JOSÉ DE NORONHA NÁPOLES MASSA – PARTE 2
As dubiedades de uma conduta: entre o sacro e o profano!

Prof.º Paulo Santos


O Jornal A Província, RJ, edição 277, de 4 de dezembro de 1890, p.1, estampava:
Por um seu filho adoptivo de nome José Soares de Noronha, foi assassinado em Itaquy, no Rio Grande do Sul, o padre Jose de Noronha Nápoles Massa, que ali era geralmente estimado.
O referido veículo detalha:
O padre Massa estava deitado quando ouviu bater á porta de sua casa. De fora seu filho pedia-lhe insistentemente que a abrisse.
Ao satisfazer esse pedido, o desgraçado sacerdote foi atirado ao chão por José de Noronha, que lhe deo duas punhaladas no peito.
O jornal fala que o mesmo ainda ferira gravemente outra pessoa e fora preso por um telegrafista, chamado Sílvio, que viera em socorro do padre.
O Jornal O Brasil, RJ, edição 204, de 5 de dezembro do mesmo ano, destacava:
Chegou-nos por telegrama a consternadora noticia de haver sido assassinado o vigário de Itaquy, reverendo padre José de Noronha Nápoles Massa, um dos mais ilustres sacerdotes que honrão o nosso clero.(...) e foi contra esse velho sacerdote afável, carinhoso, rodeado de consideração que as suas maneiras instintivamente despertarão, que armou-se um braço assassino, para dar-lhe a morte. (p.2)
O Jornal do Commercio, RJ, edição 331, de 27 de novembro, informava mais:
Foi assassinado em Itaquy o padre José de Noronha Nápoles Massa, que era geralmente estimado. Era homem erudito, foi professor de Latim em Porto Alegre, era tido como primeiro latinista do estado. O seu assassino foi preso.
O infrator fugira do local do crime, sendo perseguido, capturado e entregue à polícia local. Consta que teria sido amarrado a uma árvore e chicoteado pela força de segurança que o prendeu. Foi enviado para a Casa de Correção, em Porto Alegre. Condenado a 30 anos de prisão, findando seus dias na cadeia, em maio de 1891.
Os motivos desse bárbaro crime nunca vieram à tona. Ficaram as especulações. Dr.º Sany Silva, um entusiasta pesquisador “das antigas”, de saudosa memória, estudou muito este personagem. Chegou, inclusive, a ouvir que o mesmo envolvia-se em relacionamentos não compatíveis com a batina.
Que, por ilação, sua morte teria sido encomendada por algum marido cobrando suposto envolvimento do padre com a mulher daquele. Outros dizem que o crime fundamentou-se na índole perversa do filho adotivo.
Outros depoimentos orais, porém, colocam Nápoles Massa como uma pessoa de rasgados elogios – correto, piedoso, justo e honesto. Comovia-se facilmente frente ao sofrimento de alguém, chegando, inclusive, não raras vezes, a chorar.
As dubiedades sobre sua conduta ficarão no olvido da história porque não foram totalmente explicadas.
Era extremamente culto, dominando o Latim e exercendo o magistério dessa língua. Escreveu a “GRAMMATICA ANALYTICA DA LINGUA PORTUGUEZA”, editada em 1888. Obra que gastou 20 anos estudando e preparando, não dispondo de recursos pra editá-la, sendo ajudado por amigos para tal. Essa obra mereceu estudo acadêmico contemporaneamente. Consta que teria obras sacras queimadas em incêndio em sua casa.
“Era um espírito entusiasta por todas as grandes ideias”, por isso envolveu-se em múltiplos movimentos.
Participou da Revista Murmúrios do Guayba, de Porto Alegre, 1870.
Sócio do grupo Partenon Literário, Porto Alegre, 1868.
Sócio do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul.
Membro da Comissão Consultiva de Obras Públicas, Cruz Alta, 1859.
Criou e administrou um colégio particular em Porto Alegre, chamado Ginasio Porto-alegrense.
Fundou, também, escola particular em Cruz Alta.
 Foi secretário da Mesa Diretora dos trabalhos da Assembleia Provincial, em Porto Alegre, 1853.
Era maçom, participando da Loja Maçônica Filantropia, de Itaqui.
Em Itaqui, sua memória é reverenciada com uma rua de sentido Norte/Sul – Rua Nápoles Massa.
Itaqui pode ufanar-se de ter, no passado, o convívio de uma personalidade tão rica e tão controversa.
Ele transitou entre o sacro e o profano. Viveu intensamente e fez história.


Obs,; Por opção de pesquisa, muitas fontes não são citadas, guardando-me o direito de preservá-las para futuras publicações. Todas as transcrições são, por opção, textuais, como forma de reconhecer o estilo e o modo de expressar dos autores das fontes.








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