ÊNIO CACCIATORE SAYAGO
Prof.º
Paulo Santos
Este
texto recebi, na íntegra, de um itaquiense (Paulo Cabral), morador em São
Paulo, que mantinha ligação com a família de Ênio Sayago, um prefeito de Itaqui.
Hoje quase ninguém sabe nada sobre sua história. Dessa forma, transcrevo-o da
forma como o recebi. Vejam quem foi e o que fez esta grande figura pública do
Itaqui antigo.
foto recebida da família, com pouca resolução. |
Enio
Cacciatore Sayago nasceu em 8 de janeiro de 1922, em Itaqui, filho de Esther Cacciatore
e José Sayago.
Precoce
ainda, perde sua mãe aos dois anos, sendo criado por tios e tias.
Na
sua infância o prazer maior era nadar nas águas do rio Uruguai. Quando jovem,
frequentava CTGs, sendo apaixonado por músicas de sua terra.
Com
16 anos, trabalhava na farmácia de seu cunhado, Max Krause, empenhando-se com
afinco nesse ofício. Seu grande sonho era ser médico. Não pôde alcançar esse
objetivo pela ausência de recursos financeiros, seu pai havia falido.
Aos
21 anos resolve defender a pátria, alistando-se na Força Expedicionária Brasileira
– FEB. Participou do teatro de operações de guerra na Itália, de 22 de
fevereiro a 29 de agosto de 1945, junto ao III Batalhão, sendo licenciado em 1
de outubro de 1945.
No
retorno à terra natal, foi recepcionado pela sociedade itaquiense com um baile
de recepção e de boas vindas, organizado pela sua futura esposa, senhorita
Maria do Horto Moretti, também filha de Itaqui.
Em
28 de maio de 1949 contrai núpcias com Maria do Horto.
Nesta
ocasião, prestou concurso e foi aprovado no Banco do Brasil, nomeado para
assumir o posto da União da Vitória, Paraná. Lá nasceu seu primogênito, José
Alberto.
Estando
Maria do Horto grávida, à espera do segundo filho, Ênio, que tanto amava sua
terra natal, fez questão que este filho viesse a nascer em Itaqui. Assim, Maria
do Horto foi levada a Itaqui para o seu segundo parto, e nasce Elizabeth, a
única mulher do casal.
Nesse
período, a família assume a guarda da afilhada Maria, que passar a morar
com eles.
É
transferido para Porto Alegre, instalando-se com a família no bairro da Glória,
próximo a outra de suas paixões, o Grêmio Futebol Porto Alegrense. Também em
Porto Alegre nasce o último filho do casal, que levaria o nome do pai, em sua
homenagem – Ênio Sayago Jr.
Amigos
insistiram que se candidatasse à prefeitura de Itaqui, filiando-se ao PTB, que
lhe estendeu convite. É eleito para o período de 1956 a 1960, sendo seu vice, o
Dr. Sany Fontoura Silva.
Ao
ser empossado na prefeitura, Ênio Sayago tinha uma visão humanística e
pública. Entre suas ações de governo que
podem ser salientadas situam-se, entre outras,: praça para as crianças, casa
para todos, espécies de programas governamentais.
Dava
forte apoio aos pequenos agricultores e utilizava as máquinas da prefeitura em
empréstimos. O agricultor financiava o diesel e a diária do maquinista, somente
nos finais de semana.
Encerrado
o mandato, retorna a Porto Alegre com a família. Assume no Banco do Brasil a
função de instalador de agências, em 1960. Nessa função, muda-se novamente com
a família para União da Vitória, PR.
Em
setembro desse mesmo anto assume a instalação da agência de Pato Branco, no
mesmo estado. Esta agência é inaugurada pela então presidente da República,
João Goulart.
Numa
de suas constantes viagens a seu torrão
natal, volta em companhia da pequena Maria Ivone, que é mais uma a agregar à\
família.
Com
as mudanças ocorridas na ocasião, é transferido para Porto Alegre.
Desgostoso
com as alterações políticas, licencia-se do Banco do Brasil e muda com a
família para a cidade do Rio de Janeiro.
Sofre,
então, os primeiros sintomas de doença grave. Resolve mudar para cidade de São
Paulo, onde existia o melhor centro cardiológico do país.
Reassume
suas funções no Banco do Brasil, porém em 1971 sofre uma trombose grave, com
lesões sérias, adiando seu sonho de voltar para Itaqui.
Nesse
período, aposenta-se por invalidez, mas em todas as férias escolares dos
filhos, trazia-os pra rever a terra natal, sua querida Itaqui.
Em
sua última viagem, hospedado na casa de Helena Schenini Moretti, conhece um
guri que o encantou: Paulo Roberto Cabral, e pede permissão a sua mãe para levá-lo
a São Paulo como sua companhia. Era mais um membro a somar à família.
Em
1975 perde a visão totalmente, e Paulo Roberto assume as leituras diárias de
quatro jornais, um hábito seu.
Aos
16 de outubro de 1978, fecha seus olhos para o sempre, em São Paulo. Foi cremado
e suas cinzas repousam no cemitério Getsmani. Deixou à esposa e filhos o exemplo
de imenso amor à sua terra natal, sua amada Itaqui.
Obs.;
Este texto foi organizado pela família de Ênio Sayago e recolhido por Paulo
Roberto Cabral, que em 2011 nos enviou.
Hoje,
em Itaqui, o nome Ênio Sayago faz parte de um conhecido bairro, assim como do
Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos da Vila Ênio Sayago, uma das maiores
campeãs do carnaval de rua de Itaqui.
Muito legal o texto, moro nesse bairro, sabia que o nome do bairro era esse por motivo de um prefeito, mas não conhecia a sua história.
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