quarta-feira, 25 de julho de 2018

Futebol de bombachas na terra do Rincão da Cruz - 1979!


Futebol de bombachas na terra do Rincão da Cruz – 1979

Prof.º Paulo Santos
Foto - arquivo pessoal

              Nem sempre o resgaste histórico distancia-se muito de nosso tempo presente. Este é um caso. 39 anos atrás. Bem pertinho, mas um tempo pretérito!
Esta atração ocorreu em outubro de 1979, em Itaqui, no antigo Ginásio Bel-Forma, do então professor Paulo Viaro, também dono do Jornal Abertura, que assim noticiava o evento:
“Como toda a novidade (esta mereceu espaço no Fantástico), o Futebol de Bombachas foi uma das grandes atrações da abertura dos XV Jogos da Primavera. As duas equipes pertencentes ao CTG Rincão da Cruz.
A equipe do “Te arremanga e vem”, de camisa branca, lenço vernelho e bombacha preta, jogo com Paulo (Fausto), Luiz Antonio (José Antonio), Marcos (Cereja), Jair e Milton; esta equipe teve uma figura muito aplaudida pela torcida: o massagista Bebeto e seus “preparado”.
A equipe do “Te enrosca e cai”, de camisa azul-marinho, lenço branco e bombacha baia, jogo com: Luiz, Jaguaraçu, Nivaldo, Julio e Chico. O juiz da partida, que trajava camisa preta, lenço branco e bombacha tubiana, foi João Francisco Goulart, assessorado pelos bandeirinhas Libici e Florifausto, ambos trajados a rigor.
A 1.ª etapa terminou em 5 tentos a 2, favorecendo a equipe do “Te arremanga e vem”, dando chance à equipe jovem do “Te enrosca e cai”, de marcar 4 tentos, vencendo assim a partida por 6 x 5.
Este placar, porém, será modificado, pois ambas as equipes prometem uma nova apresentação no encerramento dos Jogos da Primavera, ocasião em que a equipe derrotada promete vir mais preparada, fisicamente, é claro.
(Èber Escobar- repórter especial ) Jornal Abertura – 12/10/1979 – Página 14.”
O futebol em si foi o que menos ocorreu. Valeu pela brincadeira, pela tentativa de inovar na abertura dos Jogos da Primavera.
Recebemos convite e montamos duas equipes do CTG, sendo compostas por assíduos frequentadores da quadra ao lado do Castelão, exageradamente ocupada por uma legião fanática de jogadores de grande e de nenhuma habilidade.
O autor desta postagem- Prof.º Paulo Santos, 2.º da direta para esquerda, em pé, fez parte da primeira etapa, fazendo inclusive gol, sendo ele o goleiro. E sofreu apenas dois gols. Segundo tempo, um “Tite” da vida trocou esse jogador e o time perdeu de 6 x 5 – justiça seja feita!
Alguns dos amigos na foto já deixaram essa vida, outros ainda continuam por aí: Carlos Cereja, componentes da família Goulart, falecido Bebeto. O hoje dinâmico Libici. Grande e fraterna lembrança de um tempo lindo há 39 anos!


quarta-feira, 11 de julho de 2018

La Cruz : o berço ancestral da formação de Itaqui


LA CRUZ: O BERÇO ANCESTRAL DA FORMAÇÃO DE ITAQUI

Prof.º Paulo Santos

Uma das evidências mais singulares de La Cruz é, sem dúvida, o seu relógio solar do tempo dos jesuítas.
Foto Relógio solar de La Cruz - disp, em www.taringa,net

Esse quadrante solar, como é conhecido, foi construído em 26 de março de 1730 e estava situado no pátio do antigo convento da redução. Essa peça jesuítica é uma das poucas sobreviventes testemunhas da barbárie praticada pelo comandante militar brasileiro Francisco das Chagas Santos, que na perseguição a Andrés Artigas, em 1817, resolveu aniquilar com os povos ocidentais do rio Uruguai, cumprindo ordens emanadas do General Marquês de Alegrete.
Conta a história de que grandes depósitos de ouro, prata e tapetes valiosos foram saqueados das igrejas de Japeju e La Cruz.
Exageros à parte, sobraram apenas dessa redução o relógio do sol e as pedras luminárias de La Cruz. Hoje, alguns remanescentes dessas pedras encontram-se na praça da cidade argentina que mantém o mesmo nome da secular redução ocidental. Eram colunas de pedra grés, bem lavradas, umas de boa estatura, outras baixas, que continham uma cavidade na parte superior onde era adicionado algum tipo de cera ou outro componente que provocava a combustão e essa chama iluminava o primitivo povo jesuítico de La Cruz. Povo esse do qual os índios do lado oriental do Uruguai, hoje cidade de Itaqui, pertenciam.
Pedras luminárias de La cruz. foto dispo. www. taringa, net.

Aqui ficava uma estância de criação de gado do povo cruzenho, com postos de vigilância, capatazes, com capelas e oratórios, o que era próprio da estrutura jesuítica de então.
Em La Cruz vamos encontrar um pouco das referências de nosso passado mais recôndito. O pouco que resta da arte missioneira bem pode demonstrar o que por aqui havia naquele período tão fértil da civilização sul-americana, onde os atores desse projeto social eram os índios guaranis, de raiz itaquiense, ainda que sob a batuta dos colonizadores.
Um pouco da brilhante estatuária jesuítica - guarani está preservada no Museu Paroquial da cidade de La Cruz.
São essas imagens que alimentavam o imaginário colonial-cristão daquela época, fazendo com que os índios de Japeju, La Cruz, Santa Ana( primitiva capela que originou Alvear) e Itaqui fossem segregados a uma mesma ideologia enquanto súditos que eram da Espanha, por um lado; de Portugal, por outro.
É de se crer que nas prováveis capelas de São Donato, Santo Cristo e Bororé, as estâncias conhecidas de Itaqui, então pertencente, na época, à La Cruz, essas imagens adornassem procissões, missas e prédicas dos curas da Companhia de Jesus aqui instalada.
Estivemos visitando La Cruz por mais de uma oportunidade e constatamos o quanto tem essa cidade ainda para nos ensinar quanto a nossas raízes missioneiras.
Quando Itaqui está prestes a completar 160 anos de emancipação política, sua idade, no entanto, é remanescente ao período guarani.
Paredes seculares com as pedras jesuíticas de La Cruz - www.taringa.net

Para entender a nossa gênese, precisamos transcender ao universo mítico - guarani, respaldado, é claro, pela cultura jesuítico-missioneira colonial. Num mundo virtualmente informatizado, nossas impressões digitais estão impressas na pedra grés dos vestígios arqueológicos da nossa vizinha “irmana ciudad de La Cruz “.
Esse é o estudo que urge acontecer contemporaneamente.

(Este texto faz parte de nossa obra AGENDA 150, 2008)


O Minhocão de Itaqui

                        O Minhocão de Itaqui:   o limite entre o real e o imaginário ! Prof.º Paulo Santos O limite entre o real e o ima...