AS
PRIMEIRAS SESMARIAS E AS ANTIGAS ESTÂNCIAS DE ITAQUI
Prof.º Paulo Santos
Após o cessar das
hostilidades luso-espanholas, ou ao menos, a diminuição, o território onde hoje
se assenta Itaqui começou a ser delineado como possessão portuguesa, após a
retomada por Borges do Canto, Santos Pedroso e outros aventureiros desertores,
em 1801.
Assim, inicia o processo
de concessão das sesmarias em Itaqui a partir de 1802. Sobre sesmaria, convém
observar o que cita Mônica Diniz (2005, p.1):
O vocábulo sesmaria derivou-se do termo sesma,
e significava 1/6 do valor estipulado para o terreno. Sesmo ou sesma também
procedia do verbo sesmar (avaliar, estimar, calcular) ou, ainda, poderia
significar um território que era repartido em seis lotes, nos quais, durante
seis dias da semana, exceto no domingo, trabalharam seis sesmeiros.
As sesmarias eram
terrenos incultos e abandonados, entregues pela Monarquia portuguesa, desde o
século XII, às pessoas que se comprometiam a colonizá-los dentro de um prazo
previamente estabelecido. Muitas dessas terras estavam sob a jurisdição
eclesiástica da Ordem de Cristo e lhes eram tributárias, sujeitas ao pagamento
do dízimo para a propagação da fé.
Os
primeiros sesmeiros
O comandante militar da
província, Brigadeiro Francisco João Rescio, deu início à concessão das
sesmarias a patrícios portugueses, visando povoar o imenso território e formar
um segmento demográfico, de cunho oficial, responsável pelo controle do espaço
territorial luso, evitando os dissabores das invasões espanholas. A partir de
1802, prolongando-se uma década após, receberam grandes áreas muitos habitantes
da região, dentre eles alguns militares efetivamente envolvidos em lutas na
defesa do solo brasileiro para a coroa portuguesa. Importante reconhecer,
segundo Helen Ortiz (www.2esh.cho.pro.br):
Enquanto fomos
colônia de Portugal, as terras que hoje formam o Brasil pertenciam ao rei
português e ele as distribuía a quem bem quisesse. À metrópole interessava doar
as sesmarias – que eram grandes extensões de terras – a aqueles que dispunham
de recursos para explorar essa terra e assim manter o domínio luso sobre a
região.
Assim entendido, receberam
grandes extensões de campos, os seguintes povoadores:
1. Manoel da Rocha e Souza
– esposo de Rosa Maria do Nascimento, três léguas quadradas, onde foi criada a
cidade. Parte desta sesmaria esteve em litígio durante algum tempo, pois o
General David Canabarro teria comprado essas terras para a edificação da Vila,
sendo que os herdeiros de Rosa requeriam a posse; 2. Manoel José Correa; 3.
Padre José Pahim Coelho de Souza; 4. Manoel Ribeiro da Silva- 6 léguas
quadradas; 5. Gabriel Godinho; 6. Antonio José Gonçalves; 7. Lino Pedro
Belmonte; 8. Manoel de Souza Caldas; 9. Atanásio José Lopes – furriel que fora
atacado na barra do Cambai pelas tropas do caudilho guarani, Andresito Artigas,
em 1816, pai de D. Antonia Loureiro, casada com Manoel (Manduca) Loureiro; 10.
Vitorino Antonio de Camargo; 11. José Antunes Monteiro; 12.Joaquim Rodrigues
Lima – na estância Santo Cristo; 13. Antonio Caetano de Araújo; 14. Lino José
Pinto; 15. João José Pereira; 16. Joaquim Marcelino de Vasconcellos; 17. João
Damasceno de Córdoba; 18. Miguel Pereira Simões; 19. Santos José Pereira; 20.
J. Pires da Silva; 21. Romoaldo José Pinto; 22. Pedro Belmonte da Silva; 23.
José Maria Marques; 24. Francisco de Paula Pereira dos Santos; 25. Laurindo
Pereira Fortes; 26. Elias Galvão de Aquino; 27. Anastácio José Rodrigues; 28.
João Antonio do Espírito Santo; 29.Manoel José Machado; 30. Manoel Pereira de
Escobar – em terras que formavam a estância jesuítica de Santa Maria da Tigana,
ruínas ainda visíveis em 1856; 31. Lourenço Maria de Almeida Portugal; 32.
Jerônimo Rodrigues Vieira; 33. Evaristo Ornellas; 34. João Antonio da Silveira;
35. Vicente Alves de Oliveira; 36. Manoel Machado de Souza; 37. Luiz José da Costa; 38. Venceslau Antonio
Pinto; 39. José Antonio de Castilhos; 40. Raimundo Vieira Gonçalves; 41. Manoel
Rodrigues Marques.
As
primeiras sesmarias
Em 1922, ano do Centenário
da Independência do Brasil, no governo do Intendente Dr.º Bernardo Píffero, e
do vice, Dr.º Roque Degrazia, foi mandado confeccionar um mapa da divisão
territorial do município, onde constavam 5 distritos, fazendo divisa com São
Borja, São Francisco de Assis, Alegrete e a República Argentina. Esse mapa está
no Arquivo Público do Rio Grande do Sul, do qual obtivemos cópia. Nele constam
as mais antigas sesmarias pelas quais estavam divididos os campos do antigo
Rincão da Cruz, mantendo a grafia da época:
No
1.º distrito:
1.
Sesmaria
Rocha – sede do povoado;
2.
Sesmaria
Antonio José;
3.
Sesmaria
Assumpção;
4.
Sesmaria
Santa Maria (no Ibicuí);
5.
Sesmaria
São João do Ibicuí.
No
2.º distrito:
1.
Sesmaria
São Miguel;
2.
Sesmaria
Mariano Pinto;
3.
Sesmaria
Sociedade;
4.
Sesmaria
São Solano;
5.
Sesmaria
Bittencourt;
6.
Sesmaria
do Padre;
7.
Sesmaria
São João da Boa Vista;
8.
Sesmaria
Ramão de Abreu;
9.
Sesmaria
São João;
10. Sesmaria São José;
11. Sesmaria Bom Retiro;
12. Sesmaria Espinilho;
13. Sesmaria São Donato;
14. Sesmaria Tuparahi.
No
3.º distrito:
1.
Sesmaria
Santa Maria da Tigana;
2.
Sesmaria
Santa Rosa do Capão Grande;
3.
Sesmaria
Monte Alegre;
4.
Sesmaria
Jacuí;
5.
Sesmaria
Bororé;
6.
Sesmaria
dos Espinilhos;
7.
Sesmaria
Guapohy;
8.
Sesmaria
Itaó;
9.
Sesmaria
Dornelles;
10. Sesmaria Santa Rosa.
No
4.º distrito:
1.
Sesmaria
Santo Christo;
2.
Sesmaria
do Butuhy;
3.
Sesmaria
Piche;
4.
Sesmaria
de São Canuto;
5.
Sesmaria
das Éguas Morochins;
6.
Sesmaria
da Figueira;
7.
Sesmaria
Curuçu (Curuçu pucu).
(cópia preservando a
grafia da época)
Noutro momento, traremos algumas ESTÂNCIAS ANTIGAS.
Muito legal! Parabéns !
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