sábado, 23 de dezembro de 2017

Padre José de Noronha Napoles Massa - Parte 3

PADRE JOSÉ DE NORONHA NÁPOLES MASSA – PARTE 3
Em História a finitude é uma palavra vaga – tudo o que se tem hoje pode mudar amanhã e o obscuro se torna transparente de um momento para o outro.
Escolhemos a personagem histórica vigário José de Noronha Nápoles Massa dada a natureza esplendorosa de dados e nuances de sua trajetória no  ideário espacial do passado itaquiense. Nossa cidade deve se orgulhar de ter um ser tão iluminado quanto o padre Massa. Inteligência única. Envolvimento extremado em várias ações.
Ao pesquisador, ou historiador, não cabe julgar. Sim, juntar os fragmentos pesquisados, colar as peças do mosaico e apresentar seu trabalho. O público que faça seu julgamento. O espaço terreno é o cenário para o descortínio das ações humanas. Por serem humanas, elas estão impregnadas de vícios e fragilidades. A santidade existe apenas no arcabouço de certas doutrinas.
Os homens são postos à prova quando pisam a crosta terrestre. A finitude os limita, mas a História os redime, enquanto homens, protagonistas ou não, mas homens em sua essência. Este introito busca situar Nápoles Massa nessa seara semântica.
Nas postagens anteriores (Parte 1 e 2), apresentamos um extrato da vida do padre José de Noronha Nápoles Massa em Itaqui. Seu nascimento na Bahia, vinda para o Rio Grande do Sul, designação para a catedral da Sé como cônego, suas tropelias, transferência para Piratinim, mais sobressaltos, Cruz Alta, São Borja, Itaqui, assassinato brutal. Sua vida daria um extraordinário romance.
O vigário Nápoles Massa foi assassinado, pelo filho adotivo, em 14 de novembro de 1890. Os dados novos dessa cronologia consegui-os através de cópia do Inventário do padre, Arquivo Público do RS, gentilmente copiados pelo amigo genealogista, Diego Leão Pufal, titular do excelente blog Antigualhas.
O padre morava no local onde hoje fica o prédio da antiga Farmácia Universal, quase diagonal aos Correios, esquina da Independência com Euclides Aranha. Essa casa pertencia à dona Antonia Lopes Loureiro, filha de Atanásio José Lopes, trucidado por Andresito Artigas em 1816. Dona Antonia morava próximo do Beco onde hoje situa-se a Câmara de Vereadores de Itaqui. Pois era dona da casa onde morava Nápoles Massa.
Ele teria entrado em 1882, terminando seus dias em 1890. Durante todo esse tempo, não pagou um aluguel sequer. Dona Antonia descontava com algum serviço da igreja. Exemplo: alguém que precisava pagar um casamento, ela descontava da dívida do padre. Isso aconteceu com algumas pessoas. Entre elas, estava um escravo. Os relatos antigos dão conta de que dona Antônia Loureiro era uma pessoa de extrema bondade. Hoje o beco é batizado com seu nome. Parece que a casa primitiva dela ainda mantém alguma estrutura naquela quadra frente à praça.
Por que não pagava? Não sabemos? Ou será que dona Antônia não cobrava?
Mas não ficou por aí! Padre Massa tinha uma obra para ser editada – A Gramática da Língua Portuguesa, lançada em 1888. Ele não tinha recursos para imprimi-la. Chegou até pedir dinheiro para a Maçonaria, da qual era membro. Quem emprestou o dinheiro para o padre? Quem?
- Dona Antonia Lopes Loureiro. Com todos os aluguéis sem pagar durante tanto tempo, essa extraordinária senhora ainda bancou a edição dessa obra, que é hoje uma raridade.
Bom! E ficou por aí? Que nada!
Quando Dona Antonia soube da morte do padre José de Noronha Nápoles Massa, procurou se informar se ele havia deixado algum dinheiro que pudesse ressarci-la. Nada! O inventário do padre acusou que na sua casa acharam somente uns cento e poucos réis e as despesas com o funeral passavam de duzentos.
E aí? Adivinharam? Dona Antonia Lopes Loureiro, esposa do Coronel Manduca Loureiro, mandou pagar todas as despesas do enterro do padre Massa.
Seu inventário traz uma relação de bens simples e caseiros, nenhum dinheiro, nada de casa, terreno ou campo. O padre era tido como pessoa muito boa e querida na  cidade, morreu pobre. Seus bens mais valiosos eram dois cavalos velhos e um burrinho.
Sua riqueza era seu conhecimento, sua cultura e saber exacerbado. Seu envolvimento com a comunidade.


sábado, 9 de dezembro de 2017

Padre José de Noronha Nápoles Massa - Parte 2

PADRE JOSÉ DE NORONHA NÁPOLES MASSA – PARTE 2
As dubiedades de uma conduta: entre o sacro e o profano!

Prof.º Paulo Santos


O Jornal A Província, RJ, edição 277, de 4 de dezembro de 1890, p.1, estampava:
Por um seu filho adoptivo de nome José Soares de Noronha, foi assassinado em Itaquy, no Rio Grande do Sul, o padre Jose de Noronha Nápoles Massa, que ali era geralmente estimado.
O referido veículo detalha:
O padre Massa estava deitado quando ouviu bater á porta de sua casa. De fora seu filho pedia-lhe insistentemente que a abrisse.
Ao satisfazer esse pedido, o desgraçado sacerdote foi atirado ao chão por José de Noronha, que lhe deo duas punhaladas no peito.
O jornal fala que o mesmo ainda ferira gravemente outra pessoa e fora preso por um telegrafista, chamado Sílvio, que viera em socorro do padre.
O Jornal O Brasil, RJ, edição 204, de 5 de dezembro do mesmo ano, destacava:
Chegou-nos por telegrama a consternadora noticia de haver sido assassinado o vigário de Itaquy, reverendo padre José de Noronha Nápoles Massa, um dos mais ilustres sacerdotes que honrão o nosso clero.(...) e foi contra esse velho sacerdote afável, carinhoso, rodeado de consideração que as suas maneiras instintivamente despertarão, que armou-se um braço assassino, para dar-lhe a morte. (p.2)
O Jornal do Commercio, RJ, edição 331, de 27 de novembro, informava mais:
Foi assassinado em Itaquy o padre José de Noronha Nápoles Massa, que era geralmente estimado. Era homem erudito, foi professor de Latim em Porto Alegre, era tido como primeiro latinista do estado. O seu assassino foi preso.
O infrator fugira do local do crime, sendo perseguido, capturado e entregue à polícia local. Consta que teria sido amarrado a uma árvore e chicoteado pela força de segurança que o prendeu. Foi enviado para a Casa de Correção, em Porto Alegre. Condenado a 30 anos de prisão, findando seus dias na cadeia, em maio de 1891.
Os motivos desse bárbaro crime nunca vieram à tona. Ficaram as especulações. Dr.º Sany Silva, um entusiasta pesquisador “das antigas”, de saudosa memória, estudou muito este personagem. Chegou, inclusive, a ouvir que o mesmo envolvia-se em relacionamentos não compatíveis com a batina.
Que, por ilação, sua morte teria sido encomendada por algum marido cobrando suposto envolvimento do padre com a mulher daquele. Outros dizem que o crime fundamentou-se na índole perversa do filho adotivo.
Outros depoimentos orais, porém, colocam Nápoles Massa como uma pessoa de rasgados elogios – correto, piedoso, justo e honesto. Comovia-se facilmente frente ao sofrimento de alguém, chegando, inclusive, não raras vezes, a chorar.
As dubiedades sobre sua conduta ficarão no olvido da história porque não foram totalmente explicadas.
Era extremamente culto, dominando o Latim e exercendo o magistério dessa língua. Escreveu a “GRAMMATICA ANALYTICA DA LINGUA PORTUGUEZA”, editada em 1888. Obra que gastou 20 anos estudando e preparando, não dispondo de recursos pra editá-la, sendo ajudado por amigos para tal. Essa obra mereceu estudo acadêmico contemporaneamente. Consta que teria obras sacras queimadas em incêndio em sua casa.
“Era um espírito entusiasta por todas as grandes ideias”, por isso envolveu-se em múltiplos movimentos.
Participou da Revista Murmúrios do Guayba, de Porto Alegre, 1870.
Sócio do grupo Partenon Literário, Porto Alegre, 1868.
Sócio do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul.
Membro da Comissão Consultiva de Obras Públicas, Cruz Alta, 1859.
Criou e administrou um colégio particular em Porto Alegre, chamado Ginasio Porto-alegrense.
Fundou, também, escola particular em Cruz Alta.
 Foi secretário da Mesa Diretora dos trabalhos da Assembleia Provincial, em Porto Alegre, 1853.
Era maçom, participando da Loja Maçônica Filantropia, de Itaqui.
Em Itaqui, sua memória é reverenciada com uma rua de sentido Norte/Sul – Rua Nápoles Massa.
Itaqui pode ufanar-se de ter, no passado, o convívio de uma personalidade tão rica e tão controversa.
Ele transitou entre o sacro e o profano. Viveu intensamente e fez história.


Obs,; Por opção de pesquisa, muitas fontes não são citadas, guardando-me o direito de preservá-las para futuras publicações. Todas as transcrições são, por opção, textuais, como forma de reconhecer o estilo e o modo de expressar dos autores das fontes.








quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Padre José de Noronha Nápoles Massa - Parte 1

PADRE JOSÉ DE NORONHA NÁPOLES MASSA – PARTE 1
As dubiedades de uma conduta: entre o sacro e o profano!

Prof.º Paulo Santos

Uma das personalidades mais emblemáticas da historiografia itaquiense é o Padre JOSÉ DE NORONHA NÁPOLES MASSA. Ainda que sua trajetória no espaço que compreendeu a efervescência da Monarquia e o alvorecer da República seja relevante, a maior parte de nossos habitantes desconhece qualquer nuance informativa sobre o mesmo.
Por ser uma figura assaz interessante do ponto de vista da pesquisa histórica, debruçamo-nos, anos a fio, na busca de dados para formatar o arcabouço de uma pretensa tentativa de biografia.
Reproduzimos informações conhecidas e descobrimos outras. Com isso, entendemos que algumas dúvidas antes havidas agora começam a serem dissipadas.
José de Noronha Nápoles Massa é tido como originário da Bahia, onde teria nascido em 27 de agosto de 1824, segundo algumas fontes na cidade de Sacramento de Itaparica; noutras, Nazaré. Seus pais eram João Pereira Rebello e Maria Rosa Nápoles Massa. No seu estado natal, estudou e formou-se padre, sendo ordenado em 30 de novembro de 1845, pelo Bispo D. Romualdo de Seixas, atuando logo em seguida como capelão militar.
Há referência de que quando o Bispo D. Sebastião Laranjeiras assumiu o Bispado do Rio Grande de São Pedro teria trazido uma leva de padres baianos para assumir no clero rio-grandense. Fontes indicam que ele trouxe da Bahia o padre Nápoles Massa. Entretanto, tem-se que o padre em questão já estava por aqui.
De início, no Rio Grande, Nápoles Massa foi designado para a freguesia de Piratinim, em 18 de outubro de 1849, como padre daquela localidade. A repercussão de sua chegada foi expressiva, recebendo inúmeros elogios.
Já, a partir de 1852, ocorrem alguns senões de parte da comunidade relativos ao pároco Massa. Citam que ele começa a se envolver em movimentos eleitorais, tendência essa que se manifestará mais tarde em sua carreira pública.
Uma notícia de 10 de janeiro do ano de 1850 dizia que:
(...)...em tão poucos dias que aqui tem adquirido muito e muito, tudo pelas provas que já tem dado ao povo de suas virtudes e apreciáveis qualidades, sendo incansável no asseio e bom arranjo da igreja, fazendo sempre suas praticas convidando o povo para que frequentemente busque a casa de Deus. (Jornal O Rio Grandense, RS, edição 561, p. 3).
E o mesmo jornal complementa, ressaltando seu caráter de benfeitor e entusiasta da doutrina:
(...)...offerecendo-se para ensinar a doutrina christã tanto aos meninos, com os mais fâmulos, -e poucos dias um parochiano falando-lhe para hir fazer um casamento no distrito da freguesia, dando-lhe cinco onças de ouro, elle negou-se a recebel-as dizendo que as cinco onças oferecidas a elle, os empregasse em o que mais fosse preciso para a noiva, a fim de vir á igreja, e que o casamento lhe pagarião, se pudessem. Isto ainda aqui nenhum outro praticou.
Observa-se o quanto sua chegada contagiou os paroquianos e as forças vivas do lugar, tanto que remetem correspondência para jornais enfatizando isso.
Contudo, o ano de 1854 lhe traria profundos dissabores. Uma representação da Câmara de Vereadores de Piratinim foi enviada à Assembleia Provincial denunciando atitudes e comportamentos impróprios desse padre. A imprensa da época foi pródiga na exposição do assunto.
O Jornal do Commercio, RJ, edição 145, p. 2, de 27 de maio de 1855, trazia importante denúncia:
O vigário José de Noronha Nápoles Massa põe em escandalosa contribuição os bolsos de seus fregueses, que bem caro pagão o seu zelo de cristãos.
A representação cita que o reverendo cobrava além do que exigia a Igreja e de acordo com “os teres” dos contratantes. Fato que contraria o período de sua chegada.
Entretanto, isso não era tudo:
Desencaminhou uma jovem que estava a cargo de seus parentes, e vive com ella como se fora casado, apresentando-a na sala ás pessoas que tem de falar-lhe, fazendo alarde dessa imoralidade e ofendendo assim aos bons costumes dos Piratinienses. (p.2, 1855)
Esse documento encaminhado ao Bispo Diocesano, Dom Feliciano José Rodrigues Prates, continha graves denúncias.
O padre organiza a defesa e reúne aliados na cidade, que julgam tudo aquilo uma fraude e uma infâmia. Nápoles Massa era novo ainda, tinha apenas 26 anos.
Na Assembleia Provincial, em sessão de maio de de 1855, o deputado Sayão Lobato bradava que: “(...) Existia na Villa de Pirantinim como parocho um sacerdote nas condições mais deploráveis”. Isso parecia muito grave.
No dia 8 de dezembro de 1854, o padre Massa, à meia-noite, retira-se da cidade, desgostoso pela acusação lhe imposta e temendo um vexame maior.
Em 7 de março de 1855, alguns amigos tentam lhe dar guarida. Eles recebem documentos que tentam inocentá-lo, mas a análise dos mesmos parecia uma tênue defesa, que não mudaria o quadro. Os defensores do padre publicam matéria no Jornal O Grito Nacional, do Rio de Janeiro, de 27 de junho de 1855, onde argumentavam:
O comercio sente, o povo maldiz os cinco vereadores (...)...acusarão ao referido vigário, que, com quanto pela devassa instaurada desmentisse, e levasse por terra essa vil e insignificante denuncia infamante, todavia desgostoso assim por esse tão chavasco procedimento da ilustríssima.
Observa-se que seus amigos vão até o Rio de Janeiro publicar algo em sua defesa, no entanto, ele não estava mais na Villa de Piratinim.
Transcorrido algum período, em 1862 envereda para a política, sendo eleito deputado provincial por dois mandatos, convivendo com Silveira Martins. Henrique Ávilla e outros proeminentes políticos de escol. No mesmo ano, em 23 de outubro é apresentado como cônego da Catedral, em Porto Alegre. Passados alguns anos, de 31 de agosto de 1865, outro contratempo surge na vida desse religioso: - foi suspenso do exercício de cônego por tempo indeterminado, junto com dois padres. O Bispo argumenta, na decisão:
Motivos de maior gravidade me impeliram a tomar esta medida (...) Devo informar a V.Excia que repetidas vezes, e de há muito tempo, tendo admoestado os ditos eclesiásticos a não saírem do caminho de seus deveres, com escândalos dos fieis e grave quebramento da disciplina da Igreja. (Correio do Povo, Edição do dia 07/10/1973, Caderno de Sábado, p.I a IV).
Esse documento fora encaminhado à Assembleia Provincial, isto antes dele se eleger deputado. Não se sabe que tipos de condutas inadequadas  praticou. Massa e seus colegas punidos ficam sem os cargos e a remuneração, solicitando à Assembleia, após, a restituição de seus direitos, o que não ocorreu. Em 1871 renuncia ao cargo de cônego da Catedral da Sé, em Porto Alegre.
Em 1864 foi designado para Cruz Alta.
Em 4 de junho de 1873 foi nomeado pároco encomendado para Itaqui. Não se observa estabilidade nas designações desse padre. Envolvia-se em reiteradas atividades concomitantemente. Em 1877-1878 há registro de sua passagem por São Borja.
Quando veio para Itaqui, há informação de que recebera um menino índio, órfão, para criar. O padre o reconheceu como filho, dando-lhe o nome de José Soares de Noronha, nascido em 1874. Quando foi adotado, o menino tinha 4 anos.
O padre Nápoles Massa morava em casa situada nos fundos do prédio hoje da antiga Farmácia Universal, na esquina da Praça Marechal Deodoro, quase lindeiro ao terreno da Igreja Matriz.
Com ele, moravam um empregado de nome Dorotheo Fernandes, nascido em 1858, um estrangeiro chamado Constantino Borchetti e sua esposa, um padre argentino durante um tempo e ainda, o filho adotivo, José.
Pois esse filho iria assassiná-lo em 14 de novembro de 1890. O crime teve repercussão, inclusive, fora do estado.


quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Ignacio Lenzi/Lucrécia de Aguiar Lenzi

IGNACIO LENZI
C.C.
LUCRÉCIA DE AGUIAR LENZI
Ensaio genealógico de famílias itaquienses
Prof.º Paulo Santos

Uma das famílias de destacada atuação no cenário sócio-histórico de Itaqui é Aguiar-Lenzi. Aqui destacamos um ramo dessa genealogia com atuação no espaço do Rincão da Cruz antigo.
O casal em questão era formado por Ignacio Lenzi e Lucrécia de Aguiar Lenzi. A esposa,Lucrécia, filha de Braz Pinto de Aguiar e Maria Josepha Lopes de Aguiar. Nasceu em 1840, talvez em Itaqui. Neta de Baltazar Pinto de Aguiar.
Há referência sobre ela na obra A Janela das minhas Lembranças, de Alba Degrazia, lançada pela Editora Movimento. Segunda a autora, sua neta, Lucrécia era doente e vivia isolada no quarto da fazenda do esposo, Ignacio Lenzi. Há relatos de outros familiares que também manifestavam sinais de doenças não denominadas, como por exemplo a demência ou loucura, hoje plenamente entendidas e tratadas de forma mais sociável. Naqueles tempos, o tratamento era o isolamento. Tinham uma casa na cidade, na esquina das ruas Osvaldo Aranha com Dom Pedro II, hoje abandonada e em ruínas.
Seu esposo, Ignácio Lenzi, era originário das Ilhas Canárias, uma possessão espanhola no Atlântico. Nasceu em 1833. Um imigrante espanhol, vindo com os pais e permanecendo uns tempos em Buenos Aires, Argentina. Após, migrou para Itaqui, na fronteira oeste do Rio Grande do Sul, onde conhece Lucrécia com quem viria casar. Teve uma estância em Luís Gonzaga, (noutra fonte o local é São Borja) chamada Estância Biguá. Lá nasceram três de seus filhos.
Seus pais eram João Lenzi, natural da França e Francisca Colona, da Inglaterra.
Exercia a representação do Consulado argentino, em Itaqui, Rio Grande do Sul, Brasil, estando presente, inclusive, na inauguração do Mercado Público de Itaqui, em 1908.
Ignácio Lenzi comprava em 1861, uma légua e meia de campo no Rincão do Biguá, em São Borja, de Ricardo Ferreira Maciel, ao preço de 2:000$000. Vendeu terras a meu tetravô paterno Ignacio Pinto de Aguiar.
 Em data de 5 de setembro de 1923 assume o vice-consulado da República Argentina, em Itaqui, o cidadão Osvaldo Lenzi, um filho de Ignacio. Em 16 de abril de 1871, temos uma correspondência de Ignacio Lenzi à Intendência de Itaqui com o seguinte texto;
“Ignacio quiere abrir caza de negocio em La rua Uruguay para en Ella vender por atacado y a retalho y para esso pede licencia, pelo que p. deferimento. Ignacio Lenzi”(Arquivo da PMI- Requerimentos, cópia textual).
Ignácio Lenzi faleceu em 1910, às 22 horas, de infecção gripal, assistido pelo Dr.º Afonso Escobar, com idade de 77 anos. Há outra informação de que teria falecido com 97 anos. Seus irmãos conhecidos eram: Pancha – uma pianista; Isidoro, de Buenos Aires e Norberto, casado com Eulália de Aguiar Lenzi, irmã do Cel. Felipe Nery de Aguiar. Outras informações diziam que Norberto era um solteirão que vivia recluso num rancho. Sua esposa morreu demente. Viviam em Buenos Aires.
Lucrécia de Aguiar Lenzi morreu na madrugada do dia 20 de agosto de 1898, com 58 anos, de lesão orgânica do coração, conforme atestado do doutor Galdino Santiago, na Fazenda Duas Irmãs, do esposo Ignacio. Lucrécia era irmã do conhecido Coronel Felipe Nery de Aguiar.
A filiação conhecida de Ignacio Lenzi e Lucrécia de Aguiar Lenzi seria:
1.      Mercedes de Aguiar Lenzi. Nascida em 1870 e falecida em 23 de fevereiro de 1903, em Porto Alegre, casada com Amândio Edgar de Carvalho e Silva, de Uruguaiana. Tiveram oito filhos;
2.      Clotilde Branca lenzi Loureiro. Casada. Teve dois filhos: Alaíde e Novembrina. Ficou viúva em 1943, nascida em 23 de dezembro de 1873 e batizada em 9 de agosto de 1875;
3.      Maria Albertina Aguiar Lenzi (Magrinha). Solteira. Gêmea. Nasceu em 24 de maio de 1878 e faleceu em 10 de agosto de 1961;
4.      Almevinda Lenzi Gonçalves (Gorda). Casada com João Manuel Gonçalves. Gêmea. Sem descendência. Nasceu em 24 de maio de 1878 e faleceu em 21 de junho de 1974;
5.      Inacito Aguiar Lenzi. Solteiro. Sem descendência;
6.      Maria Antonieta Aguiar Lenzi. Casada. Nasceu em 1855, casou em 7 de janeiro de 1888, aos 23 anos, com o Capitão Afonso Alves de Moraes;
7.      Henriquieta Lenzi Serpa. Casada com Otávio Serpa, que foi delegado de Polícia de Itaqui. Tiveram quatro filhos. Otávio nasceu em 1876 e faleceu em 23 de março de 1922, com 46 anos. Henriquieta faleceu em Itaqui, em 18 de agosto de 1974 com 93 anos. Nasceu em 1881.Os filhos de Henriquieta: Ibrantina, que lecionou em São Gabriel, Antonieta, Alice e um filho que faleceu novo ainda;
8.      Alfredo Aguiar Lenzi. Casado com Conceição Ornellas Lenzi. Nasceu em 17 de julho de 1862 e faleceu em 25 de fevereiro de 1930. Tiveram cinco filhos. Um deles, Eurico Lenzi, nascido em 1904, casado em 14 de janeiro de 1926, com Leonor Fernandes da Silva. Outra filha: Zoé de Ornellas Lenzi, nascida em 1888;
9.      Ignacio Lino Lenzi Filho. Nascido em 1861 e falecido em 13 de março de 1942, com 81 anos. Casado com Branca Regina Lenzi, (ou Irene Strata Regina)em 1921. Foi nomeado em 30 de agosto de 1889, como delegado de Polícia de Itaqui. Em 2 de setembro de 1880, há o registro de uma Carta Patente da Guarda Nacional de Itaqui, do Corpo de Cavalaria N.º 53, através do Ato 123, de 21 de agosto de 1880, nomeando Ignacio Lenzi de Alferes a Sargento Porta-Estandarte. Não se sabe se é o filho ou o pai;
10.  Francisco Lenzi – Nascido em 10 de maio de 1872 e batizado em 9 de agosto de 1875.
Ignacio Lenzi Filho tinha uma loja de armarinho, em 1898 fornecia à Intendência gêneros para alimentação dos presos da cadeia pública de Itaqui, além de produtos diversos, forros para fardamentos. Possuía, também, uma loja em Alvear, Argentina.
Ignacio, o pai, em 1897, cedia um prédio alugado para o funcionamento da cadeia civil, sob a guarda da Intendência, além de também ser sede do quartel da Guarda Municipal. Vendia cavalos à Intendência no mesmo período. Consta que Ignácio Lenzi era homem de muitas posses, com diversos terrenos e casas pela cidade, bem como campos no interior do município.
Com certeza, muitos descendentes desta numerosa família devem existir pelo país e mundo afora. Façam contato com a gente para enriquecer essas informações ou corrigi-las, se for o caso. 
O estudo da genealogia é um vício – depois que começa não tem prazo para terminar. Entretanto, é um salutar exercício de raciocínio e de encadeamento de informações, possibilitando organizar as personalidades históricas em seu contexto, bem como individualizar cada componente atrelado a seu vínculo familiar.



A República em Itaqui

A REPÚBLICA EM ITAQUI
Caudilhos, balas, adagas e lemas na ponta da lança!
Prof.º Paulo Santos
A República foi instituída no Brasil a partir de 15 de novembro de 1889, com a proclamação feita pelo Marechal Deodoro da Fonseca, destituindo o regime monárquico de D. Pedro II.
Em Itaqui, ela foi construída através de muitos eventos, fatos e personalidades. Aqui sempre foi um reduto republicano fortíssimo. Principalmente através da liderança poderosa de Júlio de Castilhos, tendo na terrinha diversos seguidores. O Positivismo de Castilhos chegou  inclusive a fomentar ódios e ressentimentos entre as facções doutrinárias.
Tais embates serviram de álibi para a famosa Revolução Federalista com o apogeu em 1893. Itaqui sediou combates com a presença de Gomercindo Saraiva, um do lugar-tenentes do chefe federalista Silveira Martins. Esta foi a mais violenta e desumana das revoluções. Dados indicam que mais de 10 mil homens, de parte a parte, perderam a vida defendendo a República ou o Federalismo. Os combates eram sangrentos e predominava o ódio como pano de fundo aos adversários. Não faziam prisioneiros, degolavam-nos.
Um dos mais representativos nomes dos republicanos em Itaqui foi o Coronel Felipe Nery de Aguiar, que faz parte de minha genealogia ascendente em determinado ramo. Felipe Nery foi um dos mais destacados líderes militares de Castilho, em Itaqui, chegando a ser indicado e assumindo a chefia do poder municipal. Foi o primeiro intendente de Itaqui, um dos líderes republicanos na Revolução Federalista, sendo reconhecido por isso.
Quando a República foi proclamada, o primeiro presidente da Câmara era o Dr.º Eduardo Fernandes Lima, descendente do famoso Tenente-coronel Antonio Fernandes Lima, o patriarca dessa família. Dr.º Eduardo, personalidade polêmica, de caráter forte quase beirando a truculência foi um dos importantes líderes do Partido Republicano na cidade. Nesse período que antecede a República, o município era governado apelo presidente da Câmara de Vereadores. A partir de 1892 instaura-se a fase das intendências  e de 1938, em diante, a dos prefeitos.
A República não veio de forma pacífica. Perseguições, rixas, desentendimentos, duelos, assassinatos. Sim, assassinatos como o jornalista Lucidório Camaru, no local onde hoje é a área de lazer do porto, tendo ali, por durante muitos anos uma cruz que era alimentada por velas acesas pelo povo.
Lucidório comandava um jornal que pugnava pela destituição da Monarquia, adquirindo vários inimigos, no que culminou com um atentado no dia 24 de setembro de 1889, dois meses antes da proclamação. As informações indicam que a morte fora encomendada por membros da elite local, sendo acusado o delegado e alguns soldados, juntamente com duas a três pessoas influentes da comunidade. O Jornal a Federação, de Júlio de Castilhos, protestou energicamente contra esse crime exigindo a punição dos culpados, que, pelo visto, não foram sequer julgados.
Bem antes, em 29 de agosto de 1881, surgira um manifesto pelo advento da República, em São Paulo. Ali estavam dois itaquienses – Xisto Pinto Barbosa e Eduardo Fernandes Lima.
As principais lideranças do passado itaquiense tiveram passagem pelo Partido Republicano, como Euclides Aranha, Roque Degrazia, Tristão Pinto Barbosa, Tito Corrêa Lopes, Aníbal Loureiro, Felipe Nery de Aguiar. Aureliano Barbosa, um dos grandes expoentes de nossa história política, pendeu para os federalistas, foi também um intendente em Itaqui.
Mudam-se as formas de governo, mudam-se os nomes, posturas, convenções, nomenclaturas. No entanto, o povo fica sempre longe, muito longe das decisões. Pelo contrário, é sempre usado como massa de manobra. A República foi boa? Para quem? Para seus líderes e seguidores, grupos políticos e segmentos econômicos atrelados a essa ideologia.
Para o povo a República foi apenas um álibi que os seus idealizadores usaram para arregimentar mão de obra guerreira. E o que restou:
“No peito em vez de medalhas,
Cicatrizes de batalhas
Foi o que sobrou pra mim”
Esse refrão de uma expressiva letra de nosso cancioneiro gaúcho bem expressa o que restou.
Em Itaqui, como no restante de nosso país, a República foi isso. Hoje vivemos a “República dos Larápios”, com vários líderes e ramificações. O que se comemora no dia de hoje? O quê?



quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Extra! Extra! As bombas do Itaqui antigo!

Extra! Extra!
As bombas do Itaqui antigo!
Prof.º Paulo Santos
Mas não se preocupem, não! Não são as bombas do ditador norte-coreano, nem as moderníssimas do Donalld Trumpp ou algumas bombas de efeito moral da polícia dispersando manifestantes, ou ainda, as bombinhas de algumas agremiações esportivas comemorando vitórias épicas. São as notícias engraçadas, inusitadas e inéditas lá do distante passado itaquiense.
Ei-las:
1.       18 de dezembro de 1862 – O Relatório dos Presidentes das Províncias Breazileiras: Império (RS) – 1830-1889, informava que havia em Itaqui um prédio servindo de quartel, coberto de capim. Comandava a fronteira de Missões, o Coronel Antonio Fernandes Lima, que solicitou aumento desse prédio, cobrindo-o de telhas e construindo mais um quarto para os materiais bélicos. Inclusive, o dito Coronel oferecera gratuitamente toda a pedra necessária para a obra. Imagina-se que este destacamento devesse ficar próximo da área urbana. Acredito que estaria próximo às margens do Uruguai.
2.       31 de outubro de 1865 – O Jornal Diário de Pernambuco noticiava sobre os saques nas igrejas de São Borja, Uruguaiana e Itaquy, por ocasião da invasão paraguaia ao nosso território. Numas carretilhas do padre paraguaio Duarte foram encontrados muitos objetos de prata pertencentes a essas igrejas. Consta que as alfaias da igreja teriam sido guardadas numa casa de particulares, sendo que todos esses objetos foram furtados. Era padre de Itaqui, o beneditino José Coriolano de Sousa Passos.
3.       10 de dezembro de 1865 – O Jornal Correio Mercantil, RJ, estampava que a família de Estigarribia, composta da esposa e filha de 15 anos foi entregue aos marinheiros e foguistas do Vapor Taquary. Estigarribia era o comandante das tropas que invadiram o Brasil em 1865. O Vapor Taquary, logo em seguida foi incorporado à Flotilha do Alto Uruguai, de Itaqui.
4.       02 de julho de 1874 – O Jornal Diário de Pernambuco escrevia que em Itaqui chegara uma comissão de médicos italianos, da qual fazia parte o Dr. Bennat. O jornal cita: “Dizem que andam em comissão do governo italiano, não sei para o que, e aqui principiaram a exercer as funções médicas.” Esse “doutor” Guido Benatti junto a Vicente Logatto foram os agressores do médico da Flotilha do Alto Uruguai, em junho de 1874, no célebre incidente de Alvear, que motivou a reação do comandante Estanislau Prezewodowski bombardeando o minúsculo povoado argentino. Estudos posteriores indicam que esta comissão, na verdade, era um bando de impostores, que ludibriavam as pessoas, não tendo nenhum deles formação médica compatível.
5.       27 de junho de 1882 – O Jornal Diário de Pernambuco informava que o ex-comerciante espanhol, chamado Manoel Hofer, assassinou sua esposa, suicidando-se após. A matéria termina dizendo que o referido infrator “estava sofrendo de desarranjo das faculdades mentais”.
6.       15 de julho de 1882 – O Jornal Diário de Pernambuco estampava curiosa notícia. Em Itaquy, um alferes de nome Antonio Cordeiro fora atacado em sua casa por três indivíduos. O militar defendera-se, sendo ferido com nove balas de revólver. Nessa luta, um de seus agressores morreu. Outro foi ferido com uma lança trazida pela esposa do alferes. Após renhido combate, os dois criminosos fugaram, sendo que o ferido fora mais tarde preso. Eta, alferes duro na queda!
7.       06 de fevereiro de 1886 – O Jornal a Pacotilha, lá do distante Maranhão, traz notícias da Câmara Municipal de Itaqui, dizendo que em sessão de 27/10/1885 foi mudado o nome da Rua do commercio(existente desde 1859) para Barão de São Marcos, que era o chefe da Flotilha do Alto Uruguai, em Itaqui. Esse Barão agradeceu, em carta endereçada à Câmara, a homenagem. A rua do comércio e a rua Barão de São Marcos são hoje a Rua Osvaldo Aranha.
8.       31 de agosto de 1889 – O Jornal A Verdade Política, de Minas Gerais, noticiava: “A MAIOR PONTE DO BRASIL”. Tratava-se da ponte sobre o rio Ibicuí, divisa de Uruguaiana com Itaqui. Media 1.188 metros, com grandes varandas sobre imensas colunas de ferro, com uma altura de 12 metros acima do nível das águas na baixante. Depois dela, as maiores seriam: Ponte no Rio Grande, São Paulo, com 500m e Ponte D. Pedro II, na Bahia, com 355 metros. Novidade – a maior ponte do Brasil na época!
9.       22 de janeiro de 1893 – O Jornal A Semana, do Paraná, destacava a localização do livro “Curiosidades naturais do Paraná”, do sr. Visconde de Taunay. Nesse livro, Vossa Majestade Imperial, agora fora do governo monárquico, fizera várias anotações à mão. Uma delas seria esta: “Itaquy – itá-pedra, cui-areia”. Em 1865, D. Pedro II viera ver os estragos da invasão paraguaia na fronteira e visitou Itaqui. O monarca destacou esse vocábulo na leitura. Interessante!
10.    17 de julho de 1908 – O Jornal Diário da Tarde, do Paraná, dizia que “a cidade de Itaquy foi sempre mal administrada” Fala que a partir de 1904, com a entrada do Dr.º Tito Corrêa Lopes no comando do governo municipal, “a velha Itaquy se tem progredido”. Cita que houve a construção do cais, nivelamento com calçamento de ruas, criação do matadouro municipal. Após esse período, Tito inaugura o Mercado Público e alavanca a vinda e instalação do saladeiro dos Dickinsons.
São informações curiosas e inéditas para a realidade daqueles tempos de antanho. Nem muito nem pouco diferentes deste contemporâneo espaço multimidático. Mudam os atores, as intenções continuam as mesmas.


segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Ignacio Pinto de Aguiar

IGNACIO PINTO DE AGUIAR
Ensaio genealógico familiar
                             * 08 ago 1808       +13 ago 1886
Prof.º Paulo Santos

Ignacio Pinto de Aguiar era meu tetra-avô paterno, falecido em 13 de agosto de 1886, no Rincão da Árvore, distrito de Itaqui, senhor de muitas léguas de terra e gado, dono de escravos, cuja cidade de origem não se localizou ainda. Sabe-se que tinha como irmão o Tenente de Milícias, Balthazar Pinto de Aguiar, um dos líderes de Santa Maria, na sua fase inicial de Acampamento.
Não teria casado oficialmente com nenhuma mulher, mas teve e registrou onze filhos, deixando-lhes certa quantia em patrimônio quando de sua morte.
Sua filiação conhecida com as mães em questão:
1.      Com FERMIANA ROSA DE LIMA, já casada anteriormente:
1.1.            Rosalina Lerina Aguiar dos Santos casada com Honório Francisco dos Santos, casal do qual provém meus ascendentes paternos – meus trisavôs;
1.2.            Rufina Pinto de Aguiar;
1.3.            João Pereira Pinto de Aguiar;
1.4.            Margarida Pinto de Aguiar;
1.5.            Júlia Pinto de Aguiar;
1.6.            Tomé Pinto de Aguiar;
1.7.            Luiza Pinto de Aguiar.
2.      Com CLAUDINA, mãe solteira:
2.1.            João Pinto de Aguiar;
2.2.            José Pinto de Aguiar.
3.      Com ANASTÁCIA LOPES:
3.1.            Francisca de Aguiar Martocello.
4.      Com FRANCISCA, casada, separada:
4.1.            Clemente Pinto de Aguiar.
Temos um extrato detalhado de quase toda essa filiação.
Ignácio Pinto de Aguiar era tio do primeiro intendente de Itaqui, Coronel Felipe Nery de Aguiar, que teria sido o seu testamenteiro.
Seria, por informação oral, filho de Balthazar Antonio Pinto, de Portugal e de Adriana Felicia de Santana, ainda que no registro de seu falecimento conste como “exposto”, ou seja, criança que nascia e era deixada num convento, igreja ou casa de alguma família para ser criada.
Pode ser que os nomes citados sejam seus pais de criação. Os registros orais indicam que seu irmão, Balthazar Pinto de Aguiar, eventualmente vinha a Itaqui visitá-lo.
Ignacio era dono de boa parte da região dos fundos do Rincão da Árvore vindo até próximo da vila de Massambará, na época, Recreio. Há registro de que teria participado da Revolução Farroupilha em documentos antigos do Exército.
Em 1848, há o registro de um Relatório de Ignacio Pinto de Aguiar, Tenente encarregado da Invernada da Nação de São Vicente, no período pós-Revolução Farroupilha.
Seu irmão Balthazar foi um líder antifarroupilha, em Santa Maria da Boca do Monte, lutando e arregimentando forças para lutar contra os seguidores de Bento Gonçalves.
Consta também como Capitão, na Guarda Nacional de Itaqui, em vários registros de 1859 a 1864. Seu testamento fora lavrado em 17 de julho de 1883, em sua casa, no Rincão da Árvore, distrito de Itaqui, três anos antes de seu falecimento, contemplando a todos com o mesmo quinhão na herança deixada.
Ainda hoje temos inúmeros descendentes de Ignacio Pinto de Aguiar, sendo que muito de sua história ainda precisa ser resgatado.

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