quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Ignacio Lenzi/Lucrécia de Aguiar Lenzi

IGNACIO LENZI
C.C.
LUCRÉCIA DE AGUIAR LENZI
Ensaio genealógico de famílias itaquienses
Prof.º Paulo Santos

Uma das famílias de destacada atuação no cenário sócio-histórico de Itaqui é Aguiar-Lenzi. Aqui destacamos um ramo dessa genealogia com atuação no espaço do Rincão da Cruz antigo.
O casal em questão era formado por Ignacio Lenzi e Lucrécia de Aguiar Lenzi. A esposa,Lucrécia, filha de Braz Pinto de Aguiar e Maria Josepha Lopes de Aguiar. Nasceu em 1840, talvez em Itaqui. Neta de Baltazar Pinto de Aguiar.
Há referência sobre ela na obra A Janela das minhas Lembranças, de Alba Degrazia, lançada pela Editora Movimento. Segunda a autora, sua neta, Lucrécia era doente e vivia isolada no quarto da fazenda do esposo, Ignacio Lenzi. Há relatos de outros familiares que também manifestavam sinais de doenças não denominadas, como por exemplo a demência ou loucura, hoje plenamente entendidas e tratadas de forma mais sociável. Naqueles tempos, o tratamento era o isolamento. Tinham uma casa na cidade, na esquina das ruas Osvaldo Aranha com Dom Pedro II, hoje abandonada e em ruínas.
Seu esposo, Ignácio Lenzi, era originário das Ilhas Canárias, uma possessão espanhola no Atlântico. Nasceu em 1833. Um imigrante espanhol, vindo com os pais e permanecendo uns tempos em Buenos Aires, Argentina. Após, migrou para Itaqui, na fronteira oeste do Rio Grande do Sul, onde conhece Lucrécia com quem viria casar. Teve uma estância em Luís Gonzaga, (noutra fonte o local é São Borja) chamada Estância Biguá. Lá nasceram três de seus filhos.
Seus pais eram João Lenzi, natural da França e Francisca Colona, da Inglaterra.
Exercia a representação do Consulado argentino, em Itaqui, Rio Grande do Sul, Brasil, estando presente, inclusive, na inauguração do Mercado Público de Itaqui, em 1908.
Ignácio Lenzi comprava em 1861, uma légua e meia de campo no Rincão do Biguá, em São Borja, de Ricardo Ferreira Maciel, ao preço de 2:000$000. Vendeu terras a meu tetravô paterno Ignacio Pinto de Aguiar.
 Em data de 5 de setembro de 1923 assume o vice-consulado da República Argentina, em Itaqui, o cidadão Osvaldo Lenzi, um filho de Ignacio. Em 16 de abril de 1871, temos uma correspondência de Ignacio Lenzi à Intendência de Itaqui com o seguinte texto;
“Ignacio quiere abrir caza de negocio em La rua Uruguay para en Ella vender por atacado y a retalho y para esso pede licencia, pelo que p. deferimento. Ignacio Lenzi”(Arquivo da PMI- Requerimentos, cópia textual).
Ignácio Lenzi faleceu em 1910, às 22 horas, de infecção gripal, assistido pelo Dr.º Afonso Escobar, com idade de 77 anos. Há outra informação de que teria falecido com 97 anos. Seus irmãos conhecidos eram: Pancha – uma pianista; Isidoro, de Buenos Aires e Norberto, casado com Eulália de Aguiar Lenzi, irmã do Cel. Felipe Nery de Aguiar. Outras informações diziam que Norberto era um solteirão que vivia recluso num rancho. Sua esposa morreu demente. Viviam em Buenos Aires.
Lucrécia de Aguiar Lenzi morreu na madrugada do dia 20 de agosto de 1898, com 58 anos, de lesão orgânica do coração, conforme atestado do doutor Galdino Santiago, na Fazenda Duas Irmãs, do esposo Ignacio. Lucrécia era irmã do conhecido Coronel Felipe Nery de Aguiar.
A filiação conhecida de Ignacio Lenzi e Lucrécia de Aguiar Lenzi seria:
1.      Mercedes de Aguiar Lenzi. Nascida em 1870 e falecida em 23 de fevereiro de 1903, em Porto Alegre, casada com Amândio Edgar de Carvalho e Silva, de Uruguaiana. Tiveram oito filhos;
2.      Clotilde Branca lenzi Loureiro. Casada. Teve dois filhos: Alaíde e Novembrina. Ficou viúva em 1943, nascida em 23 de dezembro de 1873 e batizada em 9 de agosto de 1875;
3.      Maria Albertina Aguiar Lenzi (Magrinha). Solteira. Gêmea. Nasceu em 24 de maio de 1878 e faleceu em 10 de agosto de 1961;
4.      Almevinda Lenzi Gonçalves (Gorda). Casada com João Manuel Gonçalves. Gêmea. Sem descendência. Nasceu em 24 de maio de 1878 e faleceu em 21 de junho de 1974;
5.      Inacito Aguiar Lenzi. Solteiro. Sem descendência;
6.      Maria Antonieta Aguiar Lenzi. Casada. Nasceu em 1855, casou em 7 de janeiro de 1888, aos 23 anos, com o Capitão Afonso Alves de Moraes;
7.      Henriquieta Lenzi Serpa. Casada com Otávio Serpa, que foi delegado de Polícia de Itaqui. Tiveram quatro filhos. Otávio nasceu em 1876 e faleceu em 23 de março de 1922, com 46 anos. Henriquieta faleceu em Itaqui, em 18 de agosto de 1974 com 93 anos. Nasceu em 1881.Os filhos de Henriquieta: Ibrantina, que lecionou em São Gabriel, Antonieta, Alice e um filho que faleceu novo ainda;
8.      Alfredo Aguiar Lenzi. Casado com Conceição Ornellas Lenzi. Nasceu em 17 de julho de 1862 e faleceu em 25 de fevereiro de 1930. Tiveram cinco filhos. Um deles, Eurico Lenzi, nascido em 1904, casado em 14 de janeiro de 1926, com Leonor Fernandes da Silva. Outra filha: Zoé de Ornellas Lenzi, nascida em 1888;
9.      Ignacio Lino Lenzi Filho. Nascido em 1861 e falecido em 13 de março de 1942, com 81 anos. Casado com Branca Regina Lenzi, (ou Irene Strata Regina)em 1921. Foi nomeado em 30 de agosto de 1889, como delegado de Polícia de Itaqui. Em 2 de setembro de 1880, há o registro de uma Carta Patente da Guarda Nacional de Itaqui, do Corpo de Cavalaria N.º 53, através do Ato 123, de 21 de agosto de 1880, nomeando Ignacio Lenzi de Alferes a Sargento Porta-Estandarte. Não se sabe se é o filho ou o pai;
10.  Francisco Lenzi – Nascido em 10 de maio de 1872 e batizado em 9 de agosto de 1875.
Ignacio Lenzi Filho tinha uma loja de armarinho, em 1898 fornecia à Intendência gêneros para alimentação dos presos da cadeia pública de Itaqui, além de produtos diversos, forros para fardamentos. Possuía, também, uma loja em Alvear, Argentina.
Ignacio, o pai, em 1897, cedia um prédio alugado para o funcionamento da cadeia civil, sob a guarda da Intendência, além de também ser sede do quartel da Guarda Municipal. Vendia cavalos à Intendência no mesmo período. Consta que Ignácio Lenzi era homem de muitas posses, com diversos terrenos e casas pela cidade, bem como campos no interior do município.
Com certeza, muitos descendentes desta numerosa família devem existir pelo país e mundo afora. Façam contato com a gente para enriquecer essas informações ou corrigi-las, se for o caso. 
O estudo da genealogia é um vício – depois que começa não tem prazo para terminar. Entretanto, é um salutar exercício de raciocínio e de encadeamento de informações, possibilitando organizar as personalidades históricas em seu contexto, bem como individualizar cada componente atrelado a seu vínculo familiar.



A República em Itaqui

A REPÚBLICA EM ITAQUI
Caudilhos, balas, adagas e lemas na ponta da lança!
Prof.º Paulo Santos
A República foi instituída no Brasil a partir de 15 de novembro de 1889, com a proclamação feita pelo Marechal Deodoro da Fonseca, destituindo o regime monárquico de D. Pedro II.
Em Itaqui, ela foi construída através de muitos eventos, fatos e personalidades. Aqui sempre foi um reduto republicano fortíssimo. Principalmente através da liderança poderosa de Júlio de Castilhos, tendo na terrinha diversos seguidores. O Positivismo de Castilhos chegou  inclusive a fomentar ódios e ressentimentos entre as facções doutrinárias.
Tais embates serviram de álibi para a famosa Revolução Federalista com o apogeu em 1893. Itaqui sediou combates com a presença de Gomercindo Saraiva, um do lugar-tenentes do chefe federalista Silveira Martins. Esta foi a mais violenta e desumana das revoluções. Dados indicam que mais de 10 mil homens, de parte a parte, perderam a vida defendendo a República ou o Federalismo. Os combates eram sangrentos e predominava o ódio como pano de fundo aos adversários. Não faziam prisioneiros, degolavam-nos.
Um dos mais representativos nomes dos republicanos em Itaqui foi o Coronel Felipe Nery de Aguiar, que faz parte de minha genealogia ascendente em determinado ramo. Felipe Nery foi um dos mais destacados líderes militares de Castilho, em Itaqui, chegando a ser indicado e assumindo a chefia do poder municipal. Foi o primeiro intendente de Itaqui, um dos líderes republicanos na Revolução Federalista, sendo reconhecido por isso.
Quando a República foi proclamada, o primeiro presidente da Câmara era o Dr.º Eduardo Fernandes Lima, descendente do famoso Tenente-coronel Antonio Fernandes Lima, o patriarca dessa família. Dr.º Eduardo, personalidade polêmica, de caráter forte quase beirando a truculência foi um dos importantes líderes do Partido Republicano na cidade. Nesse período que antecede a República, o município era governado apelo presidente da Câmara de Vereadores. A partir de 1892 instaura-se a fase das intendências  e de 1938, em diante, a dos prefeitos.
A República não veio de forma pacífica. Perseguições, rixas, desentendimentos, duelos, assassinatos. Sim, assassinatos como o jornalista Lucidório Camaru, no local onde hoje é a área de lazer do porto, tendo ali, por durante muitos anos uma cruz que era alimentada por velas acesas pelo povo.
Lucidório comandava um jornal que pugnava pela destituição da Monarquia, adquirindo vários inimigos, no que culminou com um atentado no dia 24 de setembro de 1889, dois meses antes da proclamação. As informações indicam que a morte fora encomendada por membros da elite local, sendo acusado o delegado e alguns soldados, juntamente com duas a três pessoas influentes da comunidade. O Jornal a Federação, de Júlio de Castilhos, protestou energicamente contra esse crime exigindo a punição dos culpados, que, pelo visto, não foram sequer julgados.
Bem antes, em 29 de agosto de 1881, surgira um manifesto pelo advento da República, em São Paulo. Ali estavam dois itaquienses – Xisto Pinto Barbosa e Eduardo Fernandes Lima.
As principais lideranças do passado itaquiense tiveram passagem pelo Partido Republicano, como Euclides Aranha, Roque Degrazia, Tristão Pinto Barbosa, Tito Corrêa Lopes, Aníbal Loureiro, Felipe Nery de Aguiar. Aureliano Barbosa, um dos grandes expoentes de nossa história política, pendeu para os federalistas, foi também um intendente em Itaqui.
Mudam-se as formas de governo, mudam-se os nomes, posturas, convenções, nomenclaturas. No entanto, o povo fica sempre longe, muito longe das decisões. Pelo contrário, é sempre usado como massa de manobra. A República foi boa? Para quem? Para seus líderes e seguidores, grupos políticos e segmentos econômicos atrelados a essa ideologia.
Para o povo a República foi apenas um álibi que os seus idealizadores usaram para arregimentar mão de obra guerreira. E o que restou:
“No peito em vez de medalhas,
Cicatrizes de batalhas
Foi o que sobrou pra mim”
Esse refrão de uma expressiva letra de nosso cancioneiro gaúcho bem expressa o que restou.
Em Itaqui, como no restante de nosso país, a República foi isso. Hoje vivemos a “República dos Larápios”, com vários líderes e ramificações. O que se comemora no dia de hoje? O quê?



quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Extra! Extra! As bombas do Itaqui antigo!

Extra! Extra!
As bombas do Itaqui antigo!
Prof.º Paulo Santos
Mas não se preocupem, não! Não são as bombas do ditador norte-coreano, nem as moderníssimas do Donalld Trumpp ou algumas bombas de efeito moral da polícia dispersando manifestantes, ou ainda, as bombinhas de algumas agremiações esportivas comemorando vitórias épicas. São as notícias engraçadas, inusitadas e inéditas lá do distante passado itaquiense.
Ei-las:
1.       18 de dezembro de 1862 – O Relatório dos Presidentes das Províncias Breazileiras: Império (RS) – 1830-1889, informava que havia em Itaqui um prédio servindo de quartel, coberto de capim. Comandava a fronteira de Missões, o Coronel Antonio Fernandes Lima, que solicitou aumento desse prédio, cobrindo-o de telhas e construindo mais um quarto para os materiais bélicos. Inclusive, o dito Coronel oferecera gratuitamente toda a pedra necessária para a obra. Imagina-se que este destacamento devesse ficar próximo da área urbana. Acredito que estaria próximo às margens do Uruguai.
2.       31 de outubro de 1865 – O Jornal Diário de Pernambuco noticiava sobre os saques nas igrejas de São Borja, Uruguaiana e Itaquy, por ocasião da invasão paraguaia ao nosso território. Numas carretilhas do padre paraguaio Duarte foram encontrados muitos objetos de prata pertencentes a essas igrejas. Consta que as alfaias da igreja teriam sido guardadas numa casa de particulares, sendo que todos esses objetos foram furtados. Era padre de Itaqui, o beneditino José Coriolano de Sousa Passos.
3.       10 de dezembro de 1865 – O Jornal Correio Mercantil, RJ, estampava que a família de Estigarribia, composta da esposa e filha de 15 anos foi entregue aos marinheiros e foguistas do Vapor Taquary. Estigarribia era o comandante das tropas que invadiram o Brasil em 1865. O Vapor Taquary, logo em seguida foi incorporado à Flotilha do Alto Uruguai, de Itaqui.
4.       02 de julho de 1874 – O Jornal Diário de Pernambuco escrevia que em Itaqui chegara uma comissão de médicos italianos, da qual fazia parte o Dr. Bennat. O jornal cita: “Dizem que andam em comissão do governo italiano, não sei para o que, e aqui principiaram a exercer as funções médicas.” Esse “doutor” Guido Benatti junto a Vicente Logatto foram os agressores do médico da Flotilha do Alto Uruguai, em junho de 1874, no célebre incidente de Alvear, que motivou a reação do comandante Estanislau Prezewodowski bombardeando o minúsculo povoado argentino. Estudos posteriores indicam que esta comissão, na verdade, era um bando de impostores, que ludibriavam as pessoas, não tendo nenhum deles formação médica compatível.
5.       27 de junho de 1882 – O Jornal Diário de Pernambuco informava que o ex-comerciante espanhol, chamado Manoel Hofer, assassinou sua esposa, suicidando-se após. A matéria termina dizendo que o referido infrator “estava sofrendo de desarranjo das faculdades mentais”.
6.       15 de julho de 1882 – O Jornal Diário de Pernambuco estampava curiosa notícia. Em Itaquy, um alferes de nome Antonio Cordeiro fora atacado em sua casa por três indivíduos. O militar defendera-se, sendo ferido com nove balas de revólver. Nessa luta, um de seus agressores morreu. Outro foi ferido com uma lança trazida pela esposa do alferes. Após renhido combate, os dois criminosos fugaram, sendo que o ferido fora mais tarde preso. Eta, alferes duro na queda!
7.       06 de fevereiro de 1886 – O Jornal a Pacotilha, lá do distante Maranhão, traz notícias da Câmara Municipal de Itaqui, dizendo que em sessão de 27/10/1885 foi mudado o nome da Rua do commercio(existente desde 1859) para Barão de São Marcos, que era o chefe da Flotilha do Alto Uruguai, em Itaqui. Esse Barão agradeceu, em carta endereçada à Câmara, a homenagem. A rua do comércio e a rua Barão de São Marcos são hoje a Rua Osvaldo Aranha.
8.       31 de agosto de 1889 – O Jornal A Verdade Política, de Minas Gerais, noticiava: “A MAIOR PONTE DO BRASIL”. Tratava-se da ponte sobre o rio Ibicuí, divisa de Uruguaiana com Itaqui. Media 1.188 metros, com grandes varandas sobre imensas colunas de ferro, com uma altura de 12 metros acima do nível das águas na baixante. Depois dela, as maiores seriam: Ponte no Rio Grande, São Paulo, com 500m e Ponte D. Pedro II, na Bahia, com 355 metros. Novidade – a maior ponte do Brasil na época!
9.       22 de janeiro de 1893 – O Jornal A Semana, do Paraná, destacava a localização do livro “Curiosidades naturais do Paraná”, do sr. Visconde de Taunay. Nesse livro, Vossa Majestade Imperial, agora fora do governo monárquico, fizera várias anotações à mão. Uma delas seria esta: “Itaquy – itá-pedra, cui-areia”. Em 1865, D. Pedro II viera ver os estragos da invasão paraguaia na fronteira e visitou Itaqui. O monarca destacou esse vocábulo na leitura. Interessante!
10.    17 de julho de 1908 – O Jornal Diário da Tarde, do Paraná, dizia que “a cidade de Itaquy foi sempre mal administrada” Fala que a partir de 1904, com a entrada do Dr.º Tito Corrêa Lopes no comando do governo municipal, “a velha Itaquy se tem progredido”. Cita que houve a construção do cais, nivelamento com calçamento de ruas, criação do matadouro municipal. Após esse período, Tito inaugura o Mercado Público e alavanca a vinda e instalação do saladeiro dos Dickinsons.
São informações curiosas e inéditas para a realidade daqueles tempos de antanho. Nem muito nem pouco diferentes deste contemporâneo espaço multimidático. Mudam os atores, as intenções continuam as mesmas.


segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Ignacio Pinto de Aguiar

IGNACIO PINTO DE AGUIAR
Ensaio genealógico familiar
                             * 08 ago 1808       +13 ago 1886
Prof.º Paulo Santos

Ignacio Pinto de Aguiar era meu tetra-avô paterno, falecido em 13 de agosto de 1886, no Rincão da Árvore, distrito de Itaqui, senhor de muitas léguas de terra e gado, dono de escravos, cuja cidade de origem não se localizou ainda. Sabe-se que tinha como irmão o Tenente de Milícias, Balthazar Pinto de Aguiar, um dos líderes de Santa Maria, na sua fase inicial de Acampamento.
Não teria casado oficialmente com nenhuma mulher, mas teve e registrou onze filhos, deixando-lhes certa quantia em patrimônio quando de sua morte.
Sua filiação conhecida com as mães em questão:
1.      Com FERMIANA ROSA DE LIMA, já casada anteriormente:
1.1.            Rosalina Lerina Aguiar dos Santos casada com Honório Francisco dos Santos, casal do qual provém meus ascendentes paternos – meus trisavôs;
1.2.            Rufina Pinto de Aguiar;
1.3.            João Pereira Pinto de Aguiar;
1.4.            Margarida Pinto de Aguiar;
1.5.            Júlia Pinto de Aguiar;
1.6.            Tomé Pinto de Aguiar;
1.7.            Luiza Pinto de Aguiar.
2.      Com CLAUDINA, mãe solteira:
2.1.            João Pinto de Aguiar;
2.2.            José Pinto de Aguiar.
3.      Com ANASTÁCIA LOPES:
3.1.            Francisca de Aguiar Martocello.
4.      Com FRANCISCA, casada, separada:
4.1.            Clemente Pinto de Aguiar.
Temos um extrato detalhado de quase toda essa filiação.
Ignácio Pinto de Aguiar era tio do primeiro intendente de Itaqui, Coronel Felipe Nery de Aguiar, que teria sido o seu testamenteiro.
Seria, por informação oral, filho de Balthazar Antonio Pinto, de Portugal e de Adriana Felicia de Santana, ainda que no registro de seu falecimento conste como “exposto”, ou seja, criança que nascia e era deixada num convento, igreja ou casa de alguma família para ser criada.
Pode ser que os nomes citados sejam seus pais de criação. Os registros orais indicam que seu irmão, Balthazar Pinto de Aguiar, eventualmente vinha a Itaqui visitá-lo.
Ignacio era dono de boa parte da região dos fundos do Rincão da Árvore vindo até próximo da vila de Massambará, na época, Recreio. Há registro de que teria participado da Revolução Farroupilha em documentos antigos do Exército.
Em 1848, há o registro de um Relatório de Ignacio Pinto de Aguiar, Tenente encarregado da Invernada da Nação de São Vicente, no período pós-Revolução Farroupilha.
Seu irmão Balthazar foi um líder antifarroupilha, em Santa Maria da Boca do Monte, lutando e arregimentando forças para lutar contra os seguidores de Bento Gonçalves.
Consta também como Capitão, na Guarda Nacional de Itaqui, em vários registros de 1859 a 1864. Seu testamento fora lavrado em 17 de julho de 1883, em sua casa, no Rincão da Árvore, distrito de Itaqui, três anos antes de seu falecimento, contemplando a todos com o mesmo quinhão na herança deixada.
Ainda hoje temos inúmeros descendentes de Ignacio Pinto de Aguiar, sendo que muito de sua história ainda precisa ser resgatado.

domingo, 5 de novembro de 2017

Rio Ytaqui/Cambaí

RIO YTAQUI/CAMBAÍ
A gênese de nossa história pregressa
Prof.º Paulo Santos 
Retomando: a história de Itaqui está sendo construída a cada dia. Os relatos que nos foram deixados não são suficientes. Boa parte do que conhecemos deve-se à obra do juiz pernambucano, Dr.º Hemetério José Veloso da Silveira. Há pouco tempo atrás, acadêmicos dos cursos de História da região, amparados por seus professores, encetaram, bons trabalhos de pesquisa bibliográfica sobre nossa história. Depois, isso não teve solução de continuidade.
Além disso, os “pesquisadores caseiros” da cidade também se esforçam e trazem a lume novas evidências, ou reconstroem algumas tidas como definitivas, num trabalho suplementar aos dados existentes.
Neste sentido, um dado novo soma-se ao esforço de revitalização do estudo histórico. Sabíamos, por exemplo, de forma quase didática, que Itaqui era uma toponímia indígena (de base guarani) que significa “pedra d água, macia, boa para amolar”, ainda que ocorram outros significados para tal palavra. Supõe-se que nome esteja atrelado à consistência do solo e à exuberância do elemento pedra no território itaquiense. Entretanto, ao se analisar mapas antigos, algumas referências vêm à tona.
Em 1737, em mapa de um jesuíta argentino, onde constava o espaço missioneiro, com reduções, capelas e estâncias, surge um rio fronteiro à La Cruz/Alvear (na época com outro nome) grafado como ITAQI. Esse, acredita-se,  seria o atual arroio Cambai.
Essa informação se encorpou com um novo dado. Recebi no ano de 2008, cópia de um mapa copiado do Arquivo Geral do Vaticano, em cuja descrição consta o período de 1690-1691. Nesse mapa surge, novamente, o rio YTAQUI. Por essa fonte, o nome de nossa cidade já existiria, pelo menos há mais de 300 anos. Essa preciosidade fora-me obsequiada pelo Sr. Fernando Corrêa Rodrigues, da Revista Armazém da Cultura, de São Borja, da qual  era um dos editores. Esta revista realizava belo trabalho na área editorial, com ótima qualidade de impressão, trazendo artigos ligados à história da região. Não sei se tal edição ainda persiste.
Mapa arquivado no Vaticano, data de 1690-1691.Revista Armazém da Cultura/São Borja

Com essa informação, podemos repensar a formatação de nossa história pregressa.
Por suposição, pode-se acreditar que a origem de Itaqui estaria ligada diretamente ao arroio (ou rio) Cambai, antes denominado Itaqi (ou ainda Itaki) ou Ytaqui. Pode-se ainda divagar que os índios guaranis, ambientados ou não ao espaço jesuítico-missioneiro, tivessem seus arranchamentos próximos ao rio em questão.
Por que será que o município tem esse nome? Que outras razões fundamentam esse batismo? Será que a excelência da pedra grês é que deu motivo para batizar o rio de Itaqui ou o rio serviu de motivo para justificar a exuberância desse material por aqui?
Encontramos um registro, em espanhol, referindo-se ao Pueblo de Itaquy, pelos anos de 1759. Esse Povo pertencia às doutrinas jesuíticas da Companhia de Jesus aqui instaladas.
Onde estaria esse Pueblo situado? Será que próximo ao rio Cambai/Ytaqui? Será que esse Povo não seria bem anterior a 1759? Qual a relação dele com o rio? Quando o acampamento de milicianos do Capitão Fabiano Pires de Almeida aqui se instalou, em 1821, foi na barra do Cambai? Quando Andresito Artigas invadiu Itaqui, em 1816, foi pelo rio Cambai. Quando a Flotilha do Alto Uruguai veio em 1866, foi pela área próxima ao Cambai. Então, tem alguma coisa mais naquela área. Não será por ali o começo de tudo? Historiadores e pesquisadores: pronunciem-se!
Aqui era um território eminentemente missioneiro. Por ignorância, ou desconhecimento histórico, algumas pessoas da cidade, com um certo grau de conhecimento, afirmam que Itaqui não é Missões. As evidências são muitas. Para não aceitar tal definição somente por teimosia ou sei lá que motivo. Itaqui é Missões, sim!
Nos registros das paróquias, quando se referiam a Itaqui, em óbitos, nascimentos ou casamentos muitas das pessoas ali envolvidas eram caracterizadas como “naturais das Missões”.
Para se ter uma ideia, um mapa primitivo de La Cruz, que faz parte do inventário daquela redução, com data de 1768, mostra que no interior da área correspondente a Itaqui havia aproximadamente 15 capelas devidamente nomeadas. Estavam localizadas nos campos destinados à estância de La Cruz. Por essa fonte, pode-se crer, então: Itaqui surge a partir de um rio.
Eu até me apropriaria de uns versos do Rubinaldo Kulmann, um dos mnais fecundos compositores de Itaqui, meu saudoso companheiro de enredos carnavalescos,  e me atreveria a dizer, parodiando:
“Eu já não sei se a graça
é rio que passa para ver Itaqui
 ou é o tempo que passou
 e o rio ficou para Itaqui passar”.
Parece que a origem de toda nossa formação está ali naquele pequeno curso d’água, para alguns denominado “rio dos negros”, para outros, sem evidência alguma. Entretanto, era o primitivo rio Itaquy – a gênese de nossa história pregressa.
(Este texto faz parte de nossa obra AGENDA 150, Itaqui/Novigraf, 2008)

O Minhocão de Itaqui

                        O Minhocão de Itaqui:   o limite entre o real e o imaginário ! Prof.º Paulo Santos O limite entre o real e o ima...