A
REPÚBLICA EM ITAQUI
Caudilhos,
balas, adagas e lemas na ponta da lança!
Prof.º Paulo Santos
A
República foi instituída no Brasil a partir de 15 de novembro de 1889, com a
proclamação feita pelo Marechal Deodoro da Fonseca, destituindo o regime
monárquico de D. Pedro II.
Em Itaqui,
ela foi construída através de muitos eventos, fatos e personalidades. Aqui sempre
foi um reduto republicano fortíssimo. Principalmente através da liderança
poderosa de Júlio de Castilhos, tendo na terrinha diversos seguidores. O
Positivismo de Castilhos chegou inclusive a fomentar ódios e ressentimentos
entre as facções doutrinárias.
Tais
embates serviram de álibi para a famosa Revolução Federalista com o apogeu em
1893. Itaqui sediou combates com a presença de Gomercindo Saraiva, um do
lugar-tenentes do chefe federalista Silveira Martins. Esta foi a mais violenta
e desumana das revoluções. Dados indicam que mais de 10 mil homens, de parte a
parte, perderam a vida defendendo a República ou o Federalismo. Os combates
eram sangrentos e predominava o ódio como pano de fundo aos adversários. Não
faziam prisioneiros, degolavam-nos.
Um dos
mais representativos nomes dos republicanos em Itaqui foi o Coronel Felipe Nery
de Aguiar, que faz parte de minha genealogia ascendente em determinado ramo.
Felipe Nery foi um dos mais destacados líderes militares de Castilho, em
Itaqui, chegando a ser indicado e assumindo a chefia do poder municipal. Foi o
primeiro intendente de Itaqui, um dos líderes republicanos na Revolução
Federalista, sendo reconhecido por isso.
Quando
a República foi proclamada, o primeiro presidente da Câmara era o Dr.º Eduardo
Fernandes Lima, descendente do famoso Tenente-coronel Antonio Fernandes Lima, o
patriarca dessa família. Dr.º Eduardo, personalidade polêmica, de caráter forte
quase beirando a truculência foi um dos importantes líderes do Partido
Republicano na cidade. Nesse período que antecede a República, o município era
governado apelo presidente da Câmara de Vereadores. A partir de 1892
instaura-se a fase das intendências e de
1938, em diante, a dos prefeitos.
A
República não veio de forma pacífica. Perseguições, rixas, desentendimentos,
duelos, assassinatos. Sim, assassinatos como o jornalista Lucidório Camaru, no
local onde hoje é a área de lazer do porto, tendo ali, por durante muitos anos
uma cruz que era alimentada por velas acesas pelo povo.
Lucidório
comandava um jornal que pugnava pela destituição da Monarquia, adquirindo
vários inimigos, no que culminou com um atentado no dia 24 de setembro de 1889,
dois meses antes da proclamação. As informações indicam que a morte fora
encomendada por membros da elite local, sendo acusado o delegado e alguns
soldados, juntamente com duas a três pessoas influentes da comunidade. O Jornal
a Federação, de Júlio de Castilhos, protestou energicamente contra esse crime
exigindo a punição dos culpados, que, pelo visto, não foram sequer julgados.
Bem antes,
em 29 de agosto de 1881, surgira um manifesto pelo advento da República, em São
Paulo. Ali estavam dois itaquienses – Xisto Pinto Barbosa e Eduardo Fernandes
Lima.
As
principais lideranças do passado itaquiense tiveram passagem pelo Partido
Republicano, como Euclides Aranha, Roque Degrazia, Tristão Pinto Barbosa, Tito
Corrêa Lopes, Aníbal Loureiro, Felipe Nery de Aguiar. Aureliano Barbosa, um dos
grandes expoentes de nossa história política, pendeu para os federalistas, foi
também um intendente em Itaqui.
Mudam-se
as formas de governo, mudam-se os nomes, posturas, convenções, nomenclaturas. No
entanto, o povo fica sempre longe, muito longe das decisões. Pelo contrário, é
sempre usado como massa de manobra. A República foi boa? Para quem? Para seus
líderes e seguidores, grupos políticos e segmentos econômicos atrelados a essa
ideologia.
Para
o povo a República foi apenas um álibi que os seus idealizadores usaram para
arregimentar mão de obra guerreira. E o que restou:
“No
peito em vez de medalhas,
Cicatrizes
de batalhas
Foi o
que sobrou pra mim”
Esse
refrão de uma expressiva letra de nosso cancioneiro gaúcho bem expressa o que
restou.
Em
Itaqui, como no restante de nosso país, a República foi isso. Hoje vivemos a “República
dos Larápios”, com vários líderes e ramificações. O que se comemora no dia de
hoje? O quê?
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