quarta-feira, 15 de novembro de 2017

A República em Itaqui

A REPÚBLICA EM ITAQUI
Caudilhos, balas, adagas e lemas na ponta da lança!
Prof.º Paulo Santos
A República foi instituída no Brasil a partir de 15 de novembro de 1889, com a proclamação feita pelo Marechal Deodoro da Fonseca, destituindo o regime monárquico de D. Pedro II.
Em Itaqui, ela foi construída através de muitos eventos, fatos e personalidades. Aqui sempre foi um reduto republicano fortíssimo. Principalmente através da liderança poderosa de Júlio de Castilhos, tendo na terrinha diversos seguidores. O Positivismo de Castilhos chegou  inclusive a fomentar ódios e ressentimentos entre as facções doutrinárias.
Tais embates serviram de álibi para a famosa Revolução Federalista com o apogeu em 1893. Itaqui sediou combates com a presença de Gomercindo Saraiva, um do lugar-tenentes do chefe federalista Silveira Martins. Esta foi a mais violenta e desumana das revoluções. Dados indicam que mais de 10 mil homens, de parte a parte, perderam a vida defendendo a República ou o Federalismo. Os combates eram sangrentos e predominava o ódio como pano de fundo aos adversários. Não faziam prisioneiros, degolavam-nos.
Um dos mais representativos nomes dos republicanos em Itaqui foi o Coronel Felipe Nery de Aguiar, que faz parte de minha genealogia ascendente em determinado ramo. Felipe Nery foi um dos mais destacados líderes militares de Castilho, em Itaqui, chegando a ser indicado e assumindo a chefia do poder municipal. Foi o primeiro intendente de Itaqui, um dos líderes republicanos na Revolução Federalista, sendo reconhecido por isso.
Quando a República foi proclamada, o primeiro presidente da Câmara era o Dr.º Eduardo Fernandes Lima, descendente do famoso Tenente-coronel Antonio Fernandes Lima, o patriarca dessa família. Dr.º Eduardo, personalidade polêmica, de caráter forte quase beirando a truculência foi um dos importantes líderes do Partido Republicano na cidade. Nesse período que antecede a República, o município era governado apelo presidente da Câmara de Vereadores. A partir de 1892 instaura-se a fase das intendências  e de 1938, em diante, a dos prefeitos.
A República não veio de forma pacífica. Perseguições, rixas, desentendimentos, duelos, assassinatos. Sim, assassinatos como o jornalista Lucidório Camaru, no local onde hoje é a área de lazer do porto, tendo ali, por durante muitos anos uma cruz que era alimentada por velas acesas pelo povo.
Lucidório comandava um jornal que pugnava pela destituição da Monarquia, adquirindo vários inimigos, no que culminou com um atentado no dia 24 de setembro de 1889, dois meses antes da proclamação. As informações indicam que a morte fora encomendada por membros da elite local, sendo acusado o delegado e alguns soldados, juntamente com duas a três pessoas influentes da comunidade. O Jornal a Federação, de Júlio de Castilhos, protestou energicamente contra esse crime exigindo a punição dos culpados, que, pelo visto, não foram sequer julgados.
Bem antes, em 29 de agosto de 1881, surgira um manifesto pelo advento da República, em São Paulo. Ali estavam dois itaquienses – Xisto Pinto Barbosa e Eduardo Fernandes Lima.
As principais lideranças do passado itaquiense tiveram passagem pelo Partido Republicano, como Euclides Aranha, Roque Degrazia, Tristão Pinto Barbosa, Tito Corrêa Lopes, Aníbal Loureiro, Felipe Nery de Aguiar. Aureliano Barbosa, um dos grandes expoentes de nossa história política, pendeu para os federalistas, foi também um intendente em Itaqui.
Mudam-se as formas de governo, mudam-se os nomes, posturas, convenções, nomenclaturas. No entanto, o povo fica sempre longe, muito longe das decisões. Pelo contrário, é sempre usado como massa de manobra. A República foi boa? Para quem? Para seus líderes e seguidores, grupos políticos e segmentos econômicos atrelados a essa ideologia.
Para o povo a República foi apenas um álibi que os seus idealizadores usaram para arregimentar mão de obra guerreira. E o que restou:
“No peito em vez de medalhas,
Cicatrizes de batalhas
Foi o que sobrou pra mim”
Esse refrão de uma expressiva letra de nosso cancioneiro gaúcho bem expressa o que restou.
Em Itaqui, como no restante de nosso país, a República foi isso. Hoje vivemos a “República dos Larápios”, com vários líderes e ramificações. O que se comemora no dia de hoje? O quê?



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