IGNACIO LENZI
C.C.
LUCRÉCIA DE AGUIAR LENZI
Ensaio genealógico de famílias
itaquienses
Prof.º
Paulo Santos
Uma
das famílias de destacada atuação no cenário sócio-histórico de Itaqui é
Aguiar-Lenzi. Aqui destacamos um ramo dessa genealogia com atuação no espaço do
Rincão da Cruz antigo.
O
casal em questão era formado por Ignacio Lenzi e Lucrécia de Aguiar Lenzi. A
esposa,Lucrécia, filha de Braz Pinto de Aguiar e Maria Josepha Lopes de
Aguiar. Nasceu em 1840, talvez em Itaqui. Neta de Baltazar Pinto de Aguiar.
Há
referência sobre ela na obra A Janela das
minhas Lembranças, de Alba Degrazia, lançada pela Editora Movimento.
Segunda a autora, sua neta, Lucrécia era doente e vivia isolada no quarto da
fazenda do esposo, Ignacio Lenzi. Há relatos de outros familiares que também
manifestavam sinais de doenças não denominadas, como por exemplo a demência ou
loucura, hoje plenamente entendidas e tratadas de forma mais sociável. Naqueles
tempos, o tratamento era o isolamento. Tinham uma casa na cidade, na esquina
das ruas Osvaldo Aranha com Dom Pedro II, hoje abandonada e em ruínas.
Seu
esposo, Ignácio Lenzi, era originário das Ilhas Canárias, uma possessão
espanhola no Atlântico. Nasceu em 1833. Um imigrante espanhol, vindo com os
pais e permanecendo uns tempos em Buenos Aires, Argentina. Após, migrou para
Itaqui, na fronteira oeste do Rio Grande do Sul, onde conhece Lucrécia com quem
viria casar. Teve uma estância em Luís Gonzaga, (noutra fonte o local é São
Borja) chamada Estância Biguá. Lá nasceram três de seus filhos.
Seus
pais eram João Lenzi, natural da França e Francisca Colona, da Inglaterra.
Exercia
a representação do Consulado argentino, em Itaqui, Rio Grande do Sul, Brasil,
estando presente, inclusive, na inauguração do Mercado Público de Itaqui, em
1908.
Ignácio
Lenzi comprava em 1861, uma légua e meia de campo no Rincão do Biguá, em São
Borja, de Ricardo Ferreira Maciel, ao preço de 2:000$000. Vendeu terras a meu
tetravô paterno Ignacio Pinto de Aguiar.
Em data de 5 de setembro de 1923 assume o
vice-consulado da República Argentina, em Itaqui, o cidadão Osvaldo Lenzi, um
filho de Ignacio. Em 16 de abril de 1871, temos uma correspondência de Ignacio
Lenzi à Intendência de Itaqui com o seguinte texto;
“Ignacio
quiere abrir caza de negocio em La rua Uruguay para en Ella vender por atacado
y a retalho y para esso pede licencia, pelo que p. deferimento. Ignacio
Lenzi”(Arquivo da PMI- Requerimentos, cópia textual).
Ignácio
Lenzi faleceu em 1910, às 22 horas, de infecção gripal, assistido pelo Dr.º
Afonso Escobar, com idade de 77 anos. Há outra informação de que teria falecido
com 97 anos. Seus irmãos conhecidos eram: Pancha – uma pianista; Isidoro, de
Buenos Aires e Norberto, casado com Eulália de Aguiar Lenzi, irmã do Cel.
Felipe Nery de Aguiar. Outras informações diziam que Norberto era um solteirão
que vivia recluso num rancho. Sua esposa morreu demente. Viviam em Buenos
Aires.
Lucrécia
de Aguiar Lenzi morreu na madrugada do dia 20 de agosto de 1898, com 58 anos,
de lesão orgânica do coração, conforme atestado do doutor Galdino Santiago, na
Fazenda Duas Irmãs, do esposo Ignacio. Lucrécia era irmã do conhecido Coronel
Felipe Nery de Aguiar.
A
filiação conhecida de Ignacio Lenzi e Lucrécia de Aguiar Lenzi seria:
1.
Mercedes
de Aguiar Lenzi. Nascida em 1870 e falecida em 23 de
fevereiro de 1903, em Porto Alegre, casada com Amândio Edgar de Carvalho e
Silva, de Uruguaiana. Tiveram oito filhos;
2.
Clotilde
Branca lenzi Loureiro. Casada. Teve dois filhos: Alaíde e
Novembrina. Ficou viúva em 1943, nascida em 23 de dezembro de 1873 e batizada
em 9 de agosto de 1875;
3.
Maria
Albertina Aguiar Lenzi (Magrinha). Solteira. Gêmea. Nasceu
em 24 de maio de 1878 e faleceu em 10 de agosto de 1961;
4.
Almevinda
Lenzi Gonçalves (Gorda). Casada com João Manuel Gonçalves.
Gêmea. Sem descendência. Nasceu em 24 de maio de 1878 e faleceu em 21 de junho
de 1974;
5.
Inacito
Aguiar Lenzi. Solteiro. Sem descendência;
6.
Maria
Antonieta Aguiar Lenzi. Casada. Nasceu em 1855, casou em 7
de janeiro de 1888, aos 23 anos, com o Capitão Afonso Alves de Moraes;
7.
Henriquieta
Lenzi Serpa. Casada com Otávio Serpa, que foi
delegado de Polícia de Itaqui. Tiveram quatro filhos. Otávio nasceu em 1876 e
faleceu em 23 de março de 1922, com 46 anos. Henriquieta faleceu em Itaqui, em
18 de agosto de 1974 com 93 anos. Nasceu em 1881.Os filhos de Henriquieta:
Ibrantina, que lecionou em São Gabriel, Antonieta, Alice e um filho que faleceu
novo ainda;
8.
Alfredo
Aguiar Lenzi. Casado com Conceição Ornellas Lenzi.
Nasceu em 17 de julho de 1862 e faleceu em 25 de fevereiro de 1930. Tiveram
cinco filhos. Um deles, Eurico Lenzi, nascido em 1904, casado em 14 de janeiro
de 1926, com Leonor Fernandes da Silva. Outra filha: Zoé de Ornellas Lenzi,
nascida em 1888;
9.
Ignacio
Lino Lenzi Filho. Nascido em 1861 e falecido em 13 de
março de 1942, com 81 anos. Casado com Branca Regina Lenzi, (ou Irene Strata
Regina)em 1921. Foi nomeado em 30 de agosto de 1889, como delegado de Polícia
de Itaqui. Em 2 de setembro de 1880, há o registro de uma Carta Patente da
Guarda Nacional de Itaqui, do Corpo de Cavalaria N.º 53, através do Ato 123, de
21 de agosto de 1880, nomeando Ignacio Lenzi de Alferes a Sargento
Porta-Estandarte. Não se sabe se é o filho ou o pai;
10. Francisco Lenzi – Nascido
em 10 de maio de 1872 e batizado em 9 de agosto de 1875.
Ignacio
Lenzi Filho tinha uma loja de armarinho, em 1898 fornecia à Intendência gêneros
para alimentação dos presos da cadeia pública de Itaqui, além de produtos diversos, forros para fardamentos. Possuía, também, uma loja em Alvear,
Argentina.
Ignacio,
o pai, em 1897, cedia um prédio alugado para o funcionamento da cadeia civil,
sob a guarda da Intendência, além de também ser sede do quartel da Guarda
Municipal. Vendia cavalos à Intendência no mesmo período. Consta que Ignácio
Lenzi era homem de muitas posses, com diversos terrenos e casas pela cidade,
bem como campos no interior do município.
Com
certeza, muitos descendentes desta numerosa família devem existir pelo país e
mundo afora. Façam contato com a gente para enriquecer essas informações ou
corrigi-las, se for o caso.
O estudo da genealogia é um vício – depois que
começa não tem prazo para terminar. Entretanto, é um salutar exercício de raciocínio
e de encadeamento de informações, possibilitando organizar as personalidades
históricas em seu contexto, bem como individualizar cada componente atrelado a
seu vínculo familiar.
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