domingo, 21 de junho de 2020

As reminiscências evocativas do passado de Itaqui: Estancia Alto Uruguai/Castelo Vila Alba


AS REMINISCÊNCIAS EVOCATIVAS DO PASSADO DE ITAQUI

Prof.º Paulo Santos

1.    ESTÂNCIA ALTO URUGUAI - FAMÍLIA ARANHA


A casa grande da Estância Alto Uruguai é uma relíquia histórica, mantida quase da mesma forma pelos proprietários como um patrimônio vivo das lutas do passado, servindo de elo para a preservação, no presente, da memória histórica. Hoje, parece que o prédio está em litígio judicial e os antigos proprietários não mais o habitam.
Foto de uma descendente (facebook Paola Aranha)

Consta que um dos primeiros proprietários era o senhor Porto Alegre. Sua construção data dos tempos dos jesuítas, segundo informações antigas, quando aquele local era um ponto de passagem dos guaranis do Povo Jesuítico de La Cruz, período em que toda essa região fazia parte da Província do Paraguai. Aquele local poderia ser um posto, uma guarda guarani, com capela, capataz e peões. Há. Inclusive, uma mangueira circular, de pedra, muito característica dos currais missioneiros.
No pátio interno da casa, havia um poço centenário, acredita-se, cuja tradição oral passada pelos atuais proprietários dava conta do mesmo ter um túnel (segundo a tradição oral, de natureza jesuítica), descendo pouco abaixo da abertura, indo em direção ao rio Uruguai. A entrada desse túnel ainda existia quando,  por  diversas vezes, por lá estivemos; questiona-se apenas se teria toda a extensão apregoada, ou quem sabe seria uma construção pós-jesuítica, provavelmente do período saladeril. Ou não haveria túnel algum. Justificativas existem de que a referida entrada poderia ser um suposto esconderijo provisório para alguma fuga emergencial. Ou teria outra utilidade até agora não esclarecida. Próximo do local ficavam as reminiscências do antigo Saladeiro São Felipe, dos ingleses Dickinson.
Foto de 2015, inauguração de placa. (imagem:www.itaqui.rs.gov.br)

Em l865, a casa foi invadida pelos paraguaios, sendo incendiada parte dela. Consta que neste período pertenceria a Fortunato Assumpção, tio paterno de minha tetravó Romana Theodora de Medeiros. Mais tarde, a família Aranha adquiriu a propriedade. Na década de l890 foi restaurada pelo seu proprietário, o Coronel Euclides Aranha, grande líder político itaquiense, sendo intendente do município de 1912 a 1916. Nessa estância gerou-se uma das mais expressivas famílias itaquienses – os Aranha, cuja matriarca era a benemérita Luiza Aranha, conhecida como Dona Luizinha, esposa do Cel. Euclides Aranha, um paulista, intendente e líder político da cidade, pais do famoso político brasileiro Osvaldo Aranha, que apenas nasceu em Alegrete, porém teve a maior parte de sua existência ligada a Itaqui, principalmente nessa lendária Estância Alto Uruguai.          

2.    CASTELO DA VILA ALBA  - FAMÍLIA DEGRAZIA


O Castelinho, como é conhecido, fica na esquina das ruas Borges do Canto com Luizinha Aranha. Pertence à família Degrazia, construído pelo Doutor Osvaldo Paschoal Degrazia por volta de l929. Sua construção, em tamanho reduzido, imita um castelo em estilo português-espanhol com elementos estilizados, cuja obra valoriza o elemento principal de Itaqui, a pedra grês, formando uma imponente frontaria que se ergue numa das partes mais altas da cidade. Doutor Osvaldo Degrazia era casado com Alba Lenzi Carvalho Degrazia, uma sobrinha-neta do Cel. Felipe Nery de Aguiar, o primeiro intendente de Itaqui, em l892. Conta a história que grandes decisões políticas foram urdidas e tomadas no Castelinho através de senadores, deputados, cardeais, bispos e ministros de Estado.
(imagem:ourstory50.blogspot.com)

Encontra-se em adequado estado de conservação, mantido e preservado pelos descendentes do casal Osvaldo/Alba que periodicamente retornam a Itaqui para ocupar o espaço de um passado repleto de grandes acontecimentos. A Vila Alba, como está na sua fachada, é um dos cartões-postais de Itaqui que evoca a história de uma família representativa do contexto político-social da época, cujas reminiscências estão registradas no livro A janela das minhas lembranças, de Alba Carvalho Degrazia, a matriarca. Esta obra temos um volume, recebido de sua filha, Dr.ª Linda Degrazia.
Possuía duas bibliotecas repletas de livros bem preservados num prédio bastante conservado que se mantém incólume à ação do tempo e atiça a curiosidade dos visitantes que chegam em nossa cidade e dão de cara com um Castelo incrustado na área urbana.





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