Extra! Extra!
As bombas do Itaqui antigo!
Prof.º
Paulo Santos
Mas
não se preocupem, não! Não são as bombas do ditador norte-coreano, nem as
moderníssimas do Donalld Trumpp ou algumas bombas de efeito moral da polícia
dispersando manifestantes, ou ainda, as bombinhas de algumas agremiações
esportivas comemorando vitórias épicas. São as notícias engraçadas, inusitadas
e inéditas lá do distante passado itaquiense.
Ei-las:
1. 18 de dezembro de 1862
– O Relatório dos Presidentes das Províncias Breazileiras: Império (RS) – 1830-1889,
informava que havia em Itaqui um
prédio servindo de quartel, coberto de capim. Comandava a fronteira de Missões,
o Coronel Antonio Fernandes Lima,
que solicitou aumento desse prédio, cobrindo-o de telhas e construindo mais um
quarto para os materiais bélicos. Inclusive, o dito Coronel oferecera
gratuitamente toda a pedra necessária para a obra. Imagina-se que este
destacamento devesse ficar próximo da área urbana. Acredito que estaria próximo
às margens do Uruguai.
2.
31
de outubro de 1865 – O Jornal Diário de Pernambuco
noticiava sobre os saques nas igrejas de São Borja, Uruguaiana e Itaquy, por ocasião da invasão
paraguaia ao nosso território. Numas carretilhas do padre paraguaio Duarte
foram encontrados muitos objetos de prata pertencentes a essas igrejas. Consta que
as alfaias da igreja teriam sido guardadas numa casa de particulares, sendo que
todos esses objetos foram furtados. Era padre de Itaqui, o beneditino José Coriolano de Sousa Passos.
3.
10
de dezembro de 1865 – O Jornal Correio Mercantil, RJ,
estampava que a família de Estigarribia, composta da esposa e filha de 15 anos
foi entregue aos marinheiros e foguistas do Vapor Taquary. Estigarribia era o comandante das tropas que
invadiram o Brasil em 1865. O Vapor Taquary, logo em seguida foi incorporado à Flotilha do Alto Uruguai, de Itaqui.
4.
02
de julho de 1874 – O Jornal Diário de Pernambuco escrevia
que em Itaqui chegara uma comissão de médicos italianos, da qual fazia parte o
Dr. Bennat. O jornal cita: “Dizem que andam em comissão do governo italiano, não sei para o que, e aqui principiaram
a exercer as funções médicas.” Esse “doutor”
Guido Benatti junto a Vicente
Logatto foram os agressores do médico da Flotilha do Alto Uruguai, em junho
de 1874, no célebre incidente de Alvear, que motivou a reação do comandante Estanislau Prezewodowski bombardeando o
minúsculo povoado argentino. Estudos posteriores indicam que esta comissão, na
verdade, era um bando de impostores, que ludibriavam as pessoas, não tendo
nenhum deles formação médica compatível.
5.
27
de junho de 1882 – O Jornal Diário de Pernambuco informava
que o ex-comerciante espanhol, chamado Manoel Hofer, assassinou sua esposa,
suicidando-se após. A matéria termina dizendo que o referido infrator “estava
sofrendo de desarranjo das
faculdades mentais”.
6.
15
de julho de 1882 – O Jornal Diário de Pernambuco estampava
curiosa notícia. Em Itaquy, um
alferes de nome Antonio Cordeiro fora atacado em sua casa por três indivíduos. O
militar defendera-se, sendo ferido com nove balas de revólver. Nessa luta, um
de seus agressores morreu. Outro foi ferido com uma lança trazida pela esposa
do alferes. Após renhido combate, os dois criminosos fugaram, sendo que o
ferido fora mais tarde preso. Eta, alferes duro na queda!
7.
06
de fevereiro de 1886 – O Jornal a Pacotilha, lá do
distante Maranhão, traz notícias da Câmara
Municipal de Itaqui, dizendo que em sessão de 27/10/1885 foi mudado o nome
da Rua do commercio(existente desde 1859) para Barão de São Marcos, que era o chefe da Flotilha do Alto Uruguai,
em Itaqui. Esse Barão agradeceu, em carta endereçada à Câmara, a homenagem. A
rua do comércio e a rua Barão de São Marcos são hoje a Rua Osvaldo Aranha.
8.
31
de agosto de 1889 – O Jornal A Verdade Política, de Minas
Gerais, noticiava: “A MAIOR PONTE DO
BRASIL”. Tratava-se da ponte sobre o
rio Ibicuí, divisa de Uruguaiana com Itaqui. Media 1.188 metros, com
grandes varandas sobre imensas colunas de ferro, com uma altura de 12 metros
acima do nível das águas na baixante. Depois dela, as maiores seriam: Ponte no
Rio Grande, São Paulo, com 500m e Ponte D. Pedro II, na Bahia, com 355 metros.
Novidade – a maior ponte do Brasil na época!
9.
22
de janeiro de 1893 – O Jornal A Semana, do Paraná, destacava
a localização do livro “Curiosidades naturais do Paraná”, do sr. Visconde de
Taunay. Nesse livro, Vossa Majestade Imperial, agora fora do governo
monárquico, fizera várias anotações à mão. Uma delas seria esta: “Itaquy – itá-pedra, cui-areia”. Em
1865, D. Pedro II viera ver os estragos da invasão paraguaia na fronteira e
visitou Itaqui. O monarca destacou esse vocábulo na leitura. Interessante!
10.
17
de julho de 1908 – O Jornal Diário da Tarde, do Paraná,
dizia que “a cidade de Itaquy foi
sempre mal administrada” Fala que a partir de 1904, com a entrada do Dr.º Tito Corrêa Lopes no comando do
governo municipal, “a velha Itaquy se tem progredido”. Cita que houve a
construção do cais, nivelamento com calçamento de ruas, criação do matadouro
municipal. Após esse período, Tito inaugura o Mercado Público e alavanca a
vinda e instalação do saladeiro dos Dickinsons.
São
informações curiosas e inéditas para a realidade daqueles tempos de antanho. Nem
muito nem pouco diferentes deste contemporâneo espaço multimidático. Mudam os
atores, as intenções continuam as mesmas.
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