A RESOLUÇÃO DOS PRÓCERES
REPUBLICANOS
Meados de 1892 – o alvorecer da
Revolução Federalista.
Prof.º Paulo Santos
No
dia 13 de março de 1892 reuniram-se 16 chefes republicanos na cidade argentina
de Cáceros, província de Corrientes, e decidiram empreender ação revolucionária
contra o governo do estado rio-grandense de então. Os componentes lavram em ata
que decidem optar “a força pela força”, fazer a revolução para restaurar a
ordem pública que acreditavam afrontada.
Para
a turma de Cáceros, era ponto pacífico de que o Rio Grande estava entregue a um
governo anárquico, inconstitucional e criminoso. Assim acreditavam no furor da
paixão partidária. Tal situação foi corroborada quando o Marechal Deodoro
dissolveu o Congresso Nacional, instando à anarquia, segundo essa frente, resultando o abandono do
cargo pelo presidente da província.
Eram
os republicanos contra os federalistas do Dr. Gaspar Silveira Martins.
Dr.º Gaspar Silveira Martins. Ilustração retirada de www.wikiwand.com |
Nessa
reunião combinou-se que os armamentos destinados aos corpos provisórios a serem
constituídos em São Borja, São Luís Gonzaga, Uruguaiana, Livramento e Itaqui
deveriam chegar aos respectivos depósitos até o dia 30 de abril de 1892.
Uruguaiana
e Livramento se comprometeram a dar mil homens armados de carabinas para a
revolução.
Pinheiro
Machado, por São Luís Gonzaga, prometeu trezentos homens.
Cel. Pinheiro Machado - www.google.com.br |
Itaqui,
representada pelo Coronel Felipe Nery de Aguiar, mais os coronéis Fermino
Fernandes Lima e Horácio Fernandes dariam também trezentos combatentes
devidamente armados. São Borja, por Aparício Mariense, acompanhou Itaqui no
mesmo número de homens.
Cel. Felipe Nery de Aguiar, de Itaqui - vivasaogabriel.blospot.com.br |
São
eles os “próceres republicanos”, tratamento que a imprensa da época lhes dava,
os mesmos que assinam a histórica ata de Cáceros:
1,
Hipolito A. Ribeiro;
2.
Francisco Rodrigues Lima;
3.
Evaristo Teixeira do Amaral;
4.
Fermino Fernandes Lima;
5.
Felipe Aguiar;
6.
Honorato Cunha;
7.
Manoel do Nascimento Vargas;
8.
Antonio Duarte Jardim;
9.
Antonio Cidade;
10.
Ataliba J. Gomes;
11.
João Francisco Pereira de Souza;
12.
Horácio Fernandes;
13.
José Gomes Pinheiro Machado;
14.
Adolpho Martins de Menezes;
15.
Gabriel Portugal;
16.
Aparício da Silva Mariense.
Dessa
relação, importante ressaltar as pessoas ligadas a Itaqui. Tínhamos o Cel.
Fermino Fernandes Lima, filho do famoso Cel. Antonio Fernandes Lima; o Cel.
Felipe Nery de Aguiar, líder militar e intendente de Itaqui; Horácio Fernandes,
da família Fernandes Lima; Manoel Vargas, pai do futuro presidente da
República, Dr.º Getúlio Vargas e Aparício Mariense, célebre personalidade de
São Borja.
Cinco
brigadas foram criadas já em junho de 1892.
A
2.ª Brigada estava sob o comando do Cel. Fermino Fernandes Lima, composta de
elementos fornecidos pelos municípios de Itaqui, São Francisco de Assis,
Uruguaiana, Quaraí e Livramento.
Cel. Antonio Fernandes Lima, pai do Cel. Fermino F. Lima - www.brngusnet.com.br |
Em
17 de junho de 1892, Júlio de Castilhos toma o poder e se intitula presidente
do Estado.
Silveira Martins e Júlio de Castilhos- os líderes da Federalista |
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. |
Ferve o caldeirão!
Os
caudilhos se transformam em centauros e se travestem de deuses para domar o
destino da pampa. O exagero dessas figuras serve para dimensionar a sanha de enfrentamentos do período.
E
a raia miúda é alistada, tanto para defender o Positivismo de Castilhos ou as
ideias maragatas dos seguidores do magistral Silveira Martins.
No
mesmo ano em que o Coronel Felipe Nery de Aguiar participa da célebre reunião
na cidade argentina, um pequeno tumulto ocorre em Itaqui. Trava-se um pequeno
combate com uma força de populares que queria depor as autoridades que detinham
o poder. Antes de 1892, o governo era ocupado pelo presidente do conselho
municipal. O último presidente nomeado era o Dr.º Eduardo Fernandes Lima, em
1889.
No
ano de 1892 assume o governo municipal, o Cel. Felipe Nery de Aguiar, sendo
vice, Tristão Pinto Barbosa. Eram os republicanos dominando vida política de Itaqui por anos a fio.
O
poder, como é de praxe, era patrimônio de poucos. Não havia participação
popular nas decisões políticas. O povo era mantido à margem das decisões. Estas
eram tomadas, à socapa, pelos caudilhos sustentados pelos partidos que os
secundavam. Prevalecia uma ideologia centrada no monopólio das oligarquias
rurais.
Onde
minguava a democracia, proliferava a força.
Em
25 de janeiro de 1893, o Dr.º Júlio Prates de Castilhos assume a presidência do
Estado. Rompe, a partir daí, a famigerada Revolução Federalista!