terça-feira, 8 de maio de 2018

A resolução dos próceres republicanos.


A RESOLUÇÃO DOS PRÓCERES REPUBLICANOS
Meados de 1892 – o alvorecer da Revolução Federalista.
Prof.º Paulo Santos
No dia 13 de março de 1892 reuniram-se 16 chefes republicanos na cidade argentina de Cáceros, província de Corrientes, e decidiram empreender ação revolucionária contra o governo do estado rio-grandense de então. Os componentes lavram em ata que decidem optar “a força pela força”, fazer a revolução para restaurar a ordem pública que acreditavam afrontada.
Para a turma de Cáceros, era ponto pacífico de que o Rio Grande estava entregue a um governo anárquico, inconstitucional e criminoso. Assim acreditavam no furor da paixão partidária. Tal situação foi corroborada quando o Marechal Deodoro dissolveu o Congresso Nacional, instando à anarquia, segundo essa frente,  resultando o abandono do cargo pelo presidente da província.
Eram os republicanos contra os federalistas do Dr. Gaspar Silveira Martins.
Dr.º Gaspar Silveira Martins. Ilustração retirada de www.wikiwand.com

Nessa reunião combinou-se que os armamentos destinados aos corpos provisórios a serem constituídos em São Borja, São Luís Gonzaga, Uruguaiana, Livramento e Itaqui deveriam chegar aos respectivos depósitos até o dia 30 de abril de 1892.
Uruguaiana e Livramento se comprometeram a dar mil homens armados de carabinas para a revolução.
Pinheiro Machado, por São Luís Gonzaga, prometeu trezentos homens.
Cel. Pinheiro Machado - www.google.com.br

Itaqui, representada pelo Coronel Felipe Nery de Aguiar, mais os coronéis Fermino Fernandes Lima e Horácio Fernandes dariam também trezentos combatentes devidamente armados. São Borja, por Aparício Mariense, acompanhou Itaqui no mesmo número de homens.
Cel. Felipe Nery de Aguiar, de Itaqui - vivasaogabriel.blospot.com.br

São eles os “próceres republicanos”, tratamento que a imprensa da época lhes dava, os mesmos que assinam a histórica ata de Cáceros:
1, Hipolito A. Ribeiro;
2. Francisco Rodrigues Lima;
3. Evaristo Teixeira do Amaral;
4. Fermino Fernandes Lima;
5. Felipe Aguiar;
6. Honorato Cunha;
7. Manoel do Nascimento Vargas;
8. Antonio Duarte Jardim;
9. Antonio Cidade;
10. Ataliba J. Gomes;
11. João Francisco Pereira de Souza;
12. Horácio Fernandes;
13. José Gomes Pinheiro Machado;
14. Adolpho Martins de Menezes;
15. Gabriel Portugal;
16. Aparício da Silva Mariense.
Dessa relação, importante ressaltar as pessoas ligadas a Itaqui. Tínhamos o Cel. Fermino Fernandes Lima, filho do famoso Cel. Antonio Fernandes Lima; o Cel. Felipe Nery de Aguiar, líder militar e intendente de Itaqui; Horácio Fernandes, da família Fernandes Lima; Manoel Vargas, pai do futuro presidente da República, Dr.º Getúlio Vargas e Aparício Mariense, célebre personalidade de São Borja.
Cinco brigadas foram criadas já em junho de 1892.
A 2.ª Brigada estava sob o comando do Cel. Fermino Fernandes Lima, composta de elementos fornecidos pelos municípios de Itaqui, São Francisco de Assis, Uruguaiana, Quaraí e Livramento.
Cel. Antonio Fernandes Lima, pai do Cel. Fermino F. Lima - www.brngusnet.com.br

Em 17 de junho de 1892, Júlio de Castilhos toma o poder e se intitula presidente do Estado.
Silveira Martins e Júlio de Castilhos- os líderes da Federalista

www.wikiwand.com
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               Ferve o caldeirão!
Os caudilhos se transformam em centauros e se travestem de deuses para domar o destino da pampa. O exagero dessas figuras serve para dimensionar  a sanha de enfrentamentos do período.
E a raia miúda é alistada, tanto para defender o Positivismo de Castilhos ou as ideias maragatas dos seguidores do magistral Silveira Martins.
No mesmo ano em que o Coronel Felipe Nery de Aguiar participa da célebre reunião na cidade argentina, um pequeno tumulto ocorre em Itaqui. Trava-se um pequeno combate com uma força de populares que queria depor as autoridades que detinham o poder. Antes de 1892, o governo era ocupado pelo presidente do conselho municipal. O último presidente nomeado era o Dr.º Eduardo Fernandes Lima, em 1889.
No ano de 1892 assume o governo municipal, o Cel. Felipe Nery de Aguiar, sendo vice, Tristão Pinto Barbosa. Eram os republicanos dominando  vida política de Itaqui por anos a fio.
O poder, como é de praxe, era patrimônio de poucos. Não havia participação popular nas decisões políticas. O povo era mantido à margem das decisões. Estas eram tomadas, à socapa, pelos caudilhos sustentados pelos partidos que os secundavam. Prevalecia uma ideologia centrada no monopólio das oligarquias rurais.
Onde minguava a democracia, proliferava a força.
Em 25 de janeiro de 1893, o Dr.º Júlio Prates de Castilhos assume a presidência do Estado. Rompe, a partir daí, a famigerada Revolução Federalista!

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