A
Revolução Farroupilha e seus respingos no Rincão da Cruz – Itaqui
Prof.º
Paulo Santos
No
dia 20 de setembro comemora-se o aniversário da Revolução Farroupilha. Evento endeusado
por muitos e visto com reservas por outros, configura-se, entretanto, como um
dos mais representativos da história brasileira. Revolucionários comandados por
Bento Gonçalves e elementos majoritários das camadas mais abastadas da
sociedade rio-grandense desafiam o governo central, questionando direitos e uma
possível independência.
Combates
sucederam-se ao longo de quase 10 anos. Alguns relevantes, outros, nem tanto.
E
Itaqui – foi palco de embates farrapo-monárquicos?
Vasculhando
a literatura histórica sobre o tema, vamos encontrar poucos registros
significativos. Porém, no território itaquiense ocorreram alguns encontros
bélicos – de pouca monta, mas importantes no contexto das posições em luta.
Imagem (pesquisa google) General Bento Gonçalves da Silva |
De 29 a 30 de novembro de 1837, por exemplo, aconteceu um pequeno combate no Passo do Mariano Pinto, rio Ibicuí, ficando em torno de 40 combatentes farrapos mortos e mais de 40 legalistas feridos. Nesse período, Itaqui experimentava um acelerado desenvolvimento econômico, sendo, inclusive, elevada à cabeceira de paróquia, com a designação de freguesia por transformar-se no empório da erva-mate nesta fronteira.
Importante
destacar que entre 1836 a 1840, no fervor da revolução, a pólvora fabricada por
Montevidéu, Uruguai, passava pelo porto
de Itaqui, provavelmente municiando farrapos e monárquicos e outras
políticas de natureza bélica num período de bastante oscilação entre as
fronteiras.
Imagem (pesquisa google) General Bento Manoel Ribeiro |
Em 20 de janeiro de 1840 tem-se a notícia de que 200 arrobas de erva-mate eram remetidas, via porto de Itaqui, ao General Bento Manuel, que neste período estava retornando para os revolucionários de Bento Gonçalves. No mínimo, estranho este envio de tão vultuosa quantia a um comandante das forças opositoras ao regime instalado.
Já
em 8 de abril de 1840, em plena
revolução, tem-se a notícia do roubo de uma caixa de prata das Missões. Caixa esta
que teria passado por Itaqui antes de ser destinada a Porto Alegre.
Dia
17 de janeiro de 1841, combate no Rincão da Cruz, (nome pelo qual era conhecido o vasto território de Itaqui), em que o
Coronel Jacinto Guedes da Luz vence as forças do Tenente Coronel José dos
Santos Loureiro, ficando aprisionados em torno de 100 soldados e seu
comandante.
10 de setembro de 1843,
forças farrapas atravessam o Passo do Mariano
Pinto, no rio Ibicuí, com 300 infantes e 600 cavaleiros. Neste mesmo
período, o Coronel Jacinto Guedes da Luz encontrava-se com a 2.ª divisão de Bento
Manuel Ribeiro.
Observa-se
o constante movimento de tropas nesta região, constituindo-se como movimentos
de manobras, perseguições de ambas as forças.
Em
27 de outubro de 1843 descobriu-se
que havia um plano dos rebeldes farrapos de invadir e saquear São Borja e Itaqui. Talvez fossem ilações
legalistas visto que não estava nos propósitos dos revolucionários o saque das
povoações.
26 de dezembro de 1843,
combate de Santa Rosa, próximo ao rio Butuí, onde o Coronel Demétrio Ribeiro e
o major Antônio Fernandes Lima
vencem uma coluna de 500 farrapos, comandada por João Antônio da Silveira e
Onofre Pires. Os farroupilhas tiveram 100 feridos e 35 prisioneiros. Este local
fica distante de Itaqui, contudo, no teatro de guerra vizinho a esta vila.
Entre os monarquistas estava Antônio Fernandes Lima, futuro Coronel, uma das
mais representativas lideranças político-militares da história itaquiense.
24 de fevereiro de 1845,
uma coluna de republicanos atravessa o rio Uruguai, via Itaqui, em direção a Alvear,
Argentina. Já no final de fevereiro e início de março do mesmo ano, os dois
Bentos cruzam o rio Uruguai, sendo Bento Gonçalves perseguido por Bento Manuel
e ambas as forças migrando para Alegrete.
Ainda
que não fossem batalhas ou combates expressivos ou decisivos, estrategicamente,
constituíram, de outra forma, em movimentos importantes e mostraram o poderio
de ambas as facções nesta “ímpia e injusta guerra”.
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