sexta-feira, 20 de setembro de 2019

A Revolução Farroupilha e seus respingos no Rincão da Cruz - Itaqui!


A Revolução Farroupilha e seus respingos no Rincão da Cruz – Itaqui
Prof.º Paulo Santos

No dia 20 de setembro comemora-se o aniversário da Revolução Farroupilha. Evento endeusado por muitos e visto com reservas por outros, configura-se, entretanto, como um dos mais representativos da história brasileira. Revolucionários comandados por Bento Gonçalves e elementos majoritários das camadas mais abastadas da sociedade rio-grandense desafiam o governo central, questionando direitos e uma possível independência.
Combates sucederam-se ao longo de quase 10 anos. Alguns relevantes, outros, nem tanto.
E Itaqui – foi palco de embates farrapo-monárquicos?
Vasculhando a literatura histórica sobre o tema, vamos encontrar poucos registros significativos. Porém, no território itaquiense ocorreram alguns encontros bélicos – de pouca monta, mas importantes no contexto das posições em luta.
Imagem (pesquisa google)
General Bento Gonçalves da Silva

De 29 a 30 de novembro de 1837, por exemplo, aconteceu um pequeno combate no Passo do Mariano Pinto, rio Ibicuí, ficando em torno de 40 combatentes farrapos mortos e mais de 40 legalistas feridos. Nesse período, Itaqui experimentava um acelerado desenvolvimento econômico, sendo, inclusive, elevada à cabeceira de paróquia, com a designação de freguesia por transformar-se no empório da erva-mate nesta fronteira.
Importante destacar que entre 1836 a 1840, no fervor da revolução, a pólvora fabricada por Montevidéu, Uruguai, passava pelo porto de Itaqui, provavelmente municiando farrapos e monárquicos e outras políticas de natureza bélica num período de bastante oscilação entre as fronteiras.
Imagem (pesquisa google)
General Bento Manoel Ribeiro

           Em 20 de janeiro de 1840 tem-se a notícia de que 200 arrobas de erva-mate eram remetidas, via porto de Itaqui, ao General Bento Manuel, que neste período estava retornando para os revolucionários de Bento Gonçalves. No mínimo, estranho este envio de tão vultuosa quantia a um comandante das forças opositoras ao regime instalado.
Já em 8 de abril de 1840, em plena revolução, tem-se a notícia do roubo de uma caixa de prata das Missões. Caixa esta que teria passado por Itaqui antes de ser destinada a Porto Alegre.
Dia 17 de janeiro de 1841, combate no Rincão da Cruz, (nome pelo qual era conhecido o vasto território de Itaqui), em que o Coronel Jacinto Guedes da Luz vence as forças do Tenente Coronel José dos Santos Loureiro, ficando aprisionados em torno de 100 soldados e seu comandante.
10 de setembro de 1843, forças farrapas atravessam o Passo do Mariano Pinto, no rio Ibicuí, com 300 infantes e 600 cavaleiros. Neste mesmo período, o Coronel Jacinto Guedes da Luz encontrava-se com a 2.ª divisão de Bento Manuel Ribeiro.
Observa-se o constante movimento de tropas nesta região, constituindo-se como movimentos de manobras, perseguições de ambas as forças.
Em 27 de outubro de 1843 descobriu-se que havia um plano dos rebeldes farrapos de invadir e saquear São Borja e Itaqui. Talvez fossem ilações legalistas visto que não estava nos propósitos dos revolucionários o saque das povoações.
26 de dezembro de 1843, combate de Santa Rosa, próximo ao rio Butuí, onde o Coronel Demétrio Ribeiro e o major Antônio Fernandes Lima vencem uma coluna de 500 farrapos, comandada por João Antônio da Silveira e Onofre Pires. Os farroupilhas tiveram 100 feridos e 35 prisioneiros. Este local fica distante de Itaqui, contudo, no teatro de guerra vizinho a esta vila. Entre os monarquistas estava Antônio Fernandes Lima, futuro Coronel, uma das mais representativas lideranças político-militares da história itaquiense.
24 de fevereiro de 1845, uma coluna de republicanos atravessa o rio Uruguai, via Itaqui, em direção a Alvear, Argentina. Já no final de fevereiro e início de março do mesmo ano, os dois Bentos cruzam o rio Uruguai, sendo Bento Gonçalves perseguido por Bento Manuel e ambas as forças migrando para Alegrete.
Ainda que não fossem batalhas ou combates expressivos ou decisivos, estrategicamente, constituíram, de outra forma, em movimentos importantes e mostraram o poderio de ambas as facções nesta “ímpia e injusta guerra”.

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