Seção #itaquijafoi!
Reminiscências de um passado próximo que não passou!
Prof.º Paulo Santos
Um dia,
atento, ouvia o que meus colegas de uma escola municipal conversavam numa
pausa. Não eram coisas do presente. Não eram modernidades. Eram coisas do
passado. Não um passado muito distante, mas próximo. Lembravam-se de situações
corriqueiras, singelas, lúdicas e agradáveis de um Itaqui que não existe mais.
Apenas ouvia,
entremeando algumas dúvidas.
Colegas e
colegas lembravam do Itaqui passado – uma seção #itaquijafoi!
Pensei: com
toda essa tecnologia, os meios de comunicação mais modernos, os produtos mais
avançados, as mais altas das tecnologias, e os colegas sentindo falta de coisas
singelas. Bregas, diríamos!
Lembravam,
por exemplo: da Jaguariense – a primeira grande loja de Itaqui, parecia até um shopping
center, tinha de tudo. Da Strassburger, sapatos de tudo que era tipo. Uma saudosista
lembrou – que saudade do tempo que eu andava de conga. Depois, meus pais, com
melhor situação compraram-me um quichute, depois um kids...coisa chique!
Um outro,
brincalhão ao extremo, lembrou que levava os cadernos para a escola num saco de
arroz Camil. Que coisa linda! Como éramos
felizes e não sabíamos! Hoje os smartfones de alta tecnologia, só faltam falar.
Naqueles tempos os tijolões com teclado imenso, um peso exorbitante e aquele
povo todo gritando para ser ouvido no outro lado. Como era romântico! Internet?
Isso nem se pensava....
As opções de
recreação – poucas! Boate da Breed, da Power. Cuja chiqueza era pedir uma dose
de uísque com guaraná ao som do John Travolta! Tempos da brilhantina, ainda que
com certas reservas de tempo cronológico. Algumas senhoritas cantavam: “tome um
banho de lua, fico branca como a neve..” Celly Campello!
Uns colegas
comentavam que seus pais e tios falavam das calças Lee, das bocas-de-sino e uns
idiotas pós-modernos puxando um cigarro só para fazer pose.
As lojas hoje
de 1,99 não eram novidades para a época. Lembravam do bazar do Jesus, perto da
praça...ali tinha de tudo. Coisa linda ir para a praça matriz sentar nos bancos
frente à Independência para ver as gurias passar. Depois aquelas intermináveis
voltas na praça. O quiosque do Alizio. Os garotos mais liberados podiam pedir
samba – cachaça com coca, que maravilha!
Hoje ouvimos
Anita, os Mcs da vida, os pagodinhos fajutos, os “sertanojos pós-modernos” e as
mulheres gritantes. Naquele tempo, ouvia-se Rod Stuart, Super Tramp, Bee Gees,
Fred Mercury, Jovem Guarda, Belchior, Raul Seixas, Zé Ramalho, Roberto e uma
centena de grandes cantores e cantoras. As turmas tomavam seus tragos, sim, mas
dançavam. Hoje, tomam mais do que tragos e só rebolam. Isso é o que meus
colegas comentavam.
Lembravam de
pessoas. De pessoas engraçadas. De tipos. Do Pitoco, por exemplo. Do Chita
trazendo os chibos da Argentina. Lembrei do Pitoco, o velho, um dia na frente
do Unibanco. Queria um cigarro e saiu-se com essa: - me dá um cigarro, que
deixei minha carteira de Charme encima da tv a cores! Pode?
Agora, já
era! As pessoas estão de cabeça baixa! Por quê? Ora, simples! Estão teclando em
seus celulares. Como diria Jonh Lennon – O sonho não acabou! Engana-se ele.
Acabou sim!
Acabou a
poesia da singeleza. Acabou a simplicidade. A pureza das coisas mais
corriqueiras. A magia das sensações mais inusitadas.
Veio o
progresso. Com ele veio a mais devastadora das tecnologias – o celular. Cada um enovelou-se em um mundo próprio. Ninguém
anda mais do que dois metros. O mundo está na ponta de uma tecla,
E daí?
A alegria
daquele tempo não sai das lembranças. As pessoas estão se dando conta de que o
presente não está substituindo aquele passado lindo. E aí lembro de um verso do Raul, para terminar
essa seção #itaquijafoi!;
“- Para o
mundo que eu quero descer!”
Ah professor, sempre atento ao que se passa em seu redor! Adorei o texto, a propósito: com uma xícara de café ao pé da mesa!
ResponderExcluir�������� Verdade Roneti, faz seu cafezinho ao pé da mesa, quieto sem fazer nenhum tipo de comentário, mas, registrando tudo em seu HD(cérebro), para depois nos surpreender com esse texto lindo. Parabéns! Prof. Paulo, que Deus continue lhe abençoado cada vez mais com esse dom maravilhoso.
ResponderExcluirProfessor Paulo texto maravilhoso, agradeço por fazer parte de uma turma de Professores como é nossa é principalmente de termos uma pessoa como senhor em nosso meio, com essa genialidade, dom das letras!
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