EMÍLIA JOSEFINA COIMBRA DE MELLO
A MILA
Uma itaquiense casando com o maior herói da marinha brasileira. Pode?!
Pesquisa: Prof.º Paulo Corrêa dos Santos
Foto da obra de Godofredo Tinoco, 1956, raridade, em nosso poder. Mila, quando do casamento com Saldanha da Gama |
Emilia Josefina Coimbra de
Mello era filha de José Caetano de Mello e Auta Coimbra de
Mello. Nasceu em Itaqui, em 27 de agosto de 1850, sendo batizada em 21 de
setembro de 1850.
Casou
oficialmente com o Tenente da Marinha Brasileira, Luiz Felipe Saldanha da Gama, que servia na
Flotilha do Alto Uruguai, sediada na barra do Cambaí, a partir de 1866. O
casamento foi oficiado pelo primeiro padre de Itaqui, José Coriolano de Sousa
Passos. O mesmo padre que deu origem à família Passos em Itaqui, RS. O enlace
durou apenas 8 dias. Saldanha da Gama fora chamado para o teatro da Guerra do
Paraguai que se desenrolava então, nunca mais se encontraram.
Mila,
como era conhecida Emilia Josefina, veio a se unir com o estancieiro de
Santiago do Boqueirão, Antonio José de
Barcellos, mais velho do que ela, Com Antonio José de Barcellos veio a ter
os seguintes filhos:
1. Otávio José de Barcellos ou
Mello Barcellos (não se sabe bem como foram registrados, mas predominava o nome
do pai, visto que não eram casados oficialmente). Otávio foi batizado por José
Caetano de Mello Filho, irmão de Mila. Acredita-se que Otávio tenha casado com
Amália Barcellos;
2. Ramiro José de Barcellos,
batizado em 1877, pelos avós maternos José Caetano de Mello e Auta Pereira
Coimbra de Mello. Ramiro, em 1902, aparecia como Tenente-quartel-mestre, da
Guarda Nacional. Em 1910, era Major-fiscal desta mesma instituição. Ramiro
seria casado com Margarida Frota Barcellos, sendo pais de:
2.1.
Pedro Emílio, batizado em 16 de julho de
1916, nascido em Santiago do Boqueirão, em 02 de junho de 1916;
2.2.
Ramiro Frota de Barcellos, nascido em
Santiago, em 20 de abril de 1905, falecido em Porto Alegre, em 22 de setembro
de 1983;
2.3.
Mário, nascido em 27 de março de 1914, e
batizado em 16 de julho de1916, em Santiago do Boqueirão
3. Annibal José de Barcellos,
batizado em 1878, pelos tios Hildebrando Caetano de Mello e Maria Evangelina.
Annibal faleceu precocemente, ainda criança;
4. Cyro José de Barcellos
nasceu em 1883, batizado por Jerônimo José de Barcellos e Baldira Ramos Viana.
Cyro em 1902 era Alferes da Guarda Nacional. Há informação de que fazia parte
da diretoria que fundou o Colombo Futbal Club, de Pelotas;
5. Rosa José de Barcellos ou
Mello Barcellos, nascida em 26 de junho de 1880, batizada em 05.07.1881, em
Itaqui, batizada pelo Capitão Francisco José da Cruz e Julieta de Mello
Barcellos, sua tia;
6. Ada, sem maiores dados; casada.
Ada foi com quem Mila foi morar no Rio de Janeiro a partir de julho de 1931,
tinha como filhos:
6.1.
Pompeu Barbosa de Mello, formado em Medicina,
no Rio de Janeiro (nessa época, o nome da avó aparece como Emilia Barbosa de
Mello – não se sabe por que o sobrenome Barbosa noticiado pela imprensa
carioca);
6.2.
Dalila Frota de Matos casada com Dr. Leônidas
Anthero de Mattos. Dalila e Dr.º Leônidas eram pais de:
6.2.1. Arthur Frota, nascido
em 1922;
6.2.2. Leônidas, nascido em
1924;
6.2.3. Anthero;
7. Maria, falecida em Itaqui,
aos cinco dias de agosto de 1882, com 17 dias de existência.
Mila
fora batizada na igrejinha do Beco (hoje chamado de Beco Antonia Loureiro, ao
lado da atual Câmara de Vereadores), chamada de Nossa Senhora da Conceição.
Seus padrinhos de batismo foram os avós maternos Francisco José Pereira Coimbra
e Maria do Carmo Aguiar Coimbra. A crisma deu-se na nova igreja, frente à
praça, na localização atual, em 04 de abril de 1864, pelo então Bispo, Dom
Sebastião Laranjeiras, como madrinha a avó, D. Figueiredo Pereira. O padre que a
batizou foi José Coriolano de Sousa Passos.
Foto da obra citada, acervo do autor |
Mila
era prima-segunda do Coronel Felipe Nery
de Aguiar, primeiro intendente de Itaqui e líder militar na Revolução
Federalista.
Existe
uma obra, editada no Rio de Janeiro, com a segunda edição em 1956, chamada A vida trágica e amorosa de Luiz Philippe de
Saldanha da Gama, que conta, em versão romanceada, o envolvimento de Mila
com o Tenente Saldanha da Gama, que na época, em Itaqui, ainda não tinha 20
anos, com muitos detalhes da família e com fotos de Emília. O casamento, mesmo
contra a vontade do pai, aconteceu em Itaqui, em 28 de janeiro de 1850, pelo padre Passos e com o testemunho do
Chefe da Divisão Naval do Alto Uruguai, Vitorino José Barbosa de Lomba, sendo
um dos acontecimentos sociais de maior evidência da Villa de Itaqui, na época.
A obra citada, uma raridade, temos-na em nosso acervo.
Os comentários da época são os mais diversos. Há referência de que Saldanha soubera de que Mila andava trocando olhares com Israel Coriolano de Sousa Passos, filho do padre José Coriolano. Saldanha longe, ela aqui. As fofocas proliferavam. Ainda mais, depois que o pai de Luís Felipe soube de toda a tramoia do filho.
Saldanha
da Gama, após 8 dias de casado, é convocado para a frente de batalha. Abandona
seu navio Taquary, da Flotilha do Alto Uruguai, e apresenta-se ao
navio-bombardeiro Forte de Coimbra. Trocam correspondência por 4 anos, mas não
se reencontram mais.
Oito
anos mais tarde, Mila conhece o fazendeiro Antonio José de Barcellos, de
Santiago do Boqueirão, com quem se une e teve a filiação já citada.
Emilia
Josefina vai mais tarde morar no Rio de Janeiro, com a neta Dalila Frota de
Mattos. Em 28 de julho de 1931 sofre um acidente de carro na praia da Guanabara,
com forte lesão na cabeça.
Nesse
período já contava com 81 anos. Após esse acidente, a idosa passou a apresentar
sinais de alienação mental. Pouco tempo depois, em 28 de julho de 1931, na rua
Copacana, no Palácio Império, onde residia no apartamento 44, do 6.º andar,
Mila suicida-se jogando-se da janela, tendo morte instantânea.
Foi
enterrada no Cemitério São João Batista, durante 60 meses. Mais tarde, seus
restos foram transladados para Santiago do Boqueirão, em 5 de outubro de 1936.
O acidente de carro e o suicídio tiveram repercussão em jornais do Rio Janeiro,
como por exemplo: Diário Carioca, edição 1003, página, Jornal A Esquerda,
edição de 02/10/1931, Jornal A Batalha, edição 537, página 8, A Esquerda,
edição 01090, de 29/07/1931.
Seu
esposo, tenente, mais tarde Almirante Saldanha da Gama morreu em combate na
Revolução Federalista, em 24 de junho de 1895, na região de Quaraí, no local
denominado Campo Osório.
Há
um relato de que Mila fora enterrada no mesmo cemitério onde jazia seu primeiro
amor – o Tenente da Marinha, Saldanha da Gama. Inclusive, parece que estariam
muito próximos na localização dos túmulos.
Seu
segundo companheiro, Antonio José de Barcellos, faleceu em Itaqui, em 1885,
deixando um testamento reconhecendo 10 filhos com três mulheres, sendo a
última, Mila.
Muitos
dados da filiação de Emilia com Antonio José de Barcellos ainda necessitam de
confirmação, assim como a verdade sobre a não concretização do casamento dela
com Luiz Felipe Saldanha da Gama. Os biógrafos do Almirante silenciam sobre
esse fato. Informações outras dão conta de que Emilia teria requisitado, já
viúva de Barcellos, pensão, através da Marinha, por parte de Saldanha da Gama.
Não se sabe se foi atendida. Esta história ainda não está bem contada. Quem
sabe o futuro traga respostas. Ou quem sabe o futuro não tenha nenhuma dessas
respostas.
Belo
material para um romance de época, com pitadas de realidade e ficção.
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