GENEALOGIA BALTHAZAR PINTO DE
AGUIAR
Um ferrenho opositor de Bento
Gonçalves
Prof.º Paulo Corrêa dos Santos
As pesquisas da genealogia Pinto de Aguiar, no ramo
de minha família, tem fundamento em dados paroquiais e outros, orais. Consta
que os atuais descendentes provêm do Tenente de Milícias, Balthazar Pinto de Aguiar, natural da Bahia casado com Luzia
Francisca Cabral (ou Lima).
Sua data de nascimento estipula-se por volta de
1780. Sua esposa era natural de Cachoeira do Sul, um dos primeiros municípios
do Estado, filha de Antonio Cabral, de Santa Catarina, e de Eulalia Maria do
Espírito Santo, de Viamão. Observa-se o trânsito das genealogias:
Portugal/Brasil-Bahia-Santa Catarina - Rio Grande do Sul (Viamão-Cachoeira-Santa
Maria-Itaqui...)
Na documentação do Bispado de Santa Maria da Boca
do Monte, nos registros paroquiais ora aparece como Major ora como Capitão e,
noutros, como Tenente de Milícias, pois fazia parte de um Regimento de
Miliciano.
Aqui se radicou, vindo para Santa Maria no período
de fundação, em sua fase Acampamento, acompanhando a Partida Demarcatória e
recebendo terras na sesmaria do Inhatium, onde teria construído sua moradia,
sendo o primeiro proprietário da estância de mesmo nome, existente até hoje, na
região de São Gabriel. Na época, esse território fazia parte de Santa Maria,
creio.
Sede da Estância Inhatium, propriedade de Balthazar Pinto de Aguiar, ainda preservada, em São Gabriel na divisa com Santa Maria da Boca do Monte. |
Seus dados ainda precisam ser resgatados, porém
sabe-se que foi Juiz de Paz, no período da Revolução Farroupilha, lutando ao
lado dos legalistas contra os republicanos de Bento Gonçalves. Existe
bibliografia que aponta o Juiz Baltazar Pinto de Aguiar como um dos ferrenhos
opositores a Bento, inclusive organizando forças e reuniões contra os
farroupilhas, sediando-se no distrito de Pau Fincado.
Na fase inicial de Santa Maria atuou de forma
bastante intensa na organização política, participando de reuniões e era, como
se supõe, uma autoridade respeitada e presente. É dele requerimentos ao governo
do Estado pedindo providências para problemas de segurança do povo de Santa
Maria.
Os registros de batismos da paróquia de Santa Maria
mostram um número razoável de eventos onde o mesmo e sua esposa foram
padrinhos, inclusive servindo de referência para estudo acadêmico atual,
disponível na internet. Aparece batizando tanto crianças brancas quanto
escravos ou filhos desses, ainda que fosse um dos grandes proprietários de
cativos.
Em pesquisa nos livros de batismos da Catedral (gentilmente
contatados e copiados pela itaquiense Dirce de Aguiar, radicada naquela
cidade), foi-nos possível identificar o seguinte plantel de sua propriedade:
1. Rita, batizada em 28.12.1818,
escrava filha de Engracia, nação Congo, pai incógnito;
2. Maria, batizada em 14.06.1820, de
pais incógnitos;
3. José, batizado em 14.06.1820,
adulto, do Congo;
4. Maria, (outra), batizada em
14.06.1820, do Congo;
5. Joaquim, batizado em 19.06.1820,
adulto;
6. Adão, filho de Engracia, Congo,
pai incógnito, batizado em 01.06.1814;
7. Manoel, batizado em 18.05.1815,
adulto, Congo, mais ou menos 18 anos;
8. Paullo, batizado em 18.05.1815,
adulto, mais ou menos 19 anos.
Talvez existam outros mais, pois a pesquisa foi
apenas num espaço de tempo que as cópias permitiram.
O Capitão Balthazar Pinto de Aguiar era filho de Balthazar Antonio Pinto, natural da
região de Tras-os-Montes, de Portugal, ou ainda aparece como sendo natural de
Lisboa. Veio para o Brasil casando-se com Adriana Felicia de Santa Anna,
natural da Bahia, não se sabe a cidade.
Alguns registros de batismos mostram que seu pai,
Balthazar Antonio Pinto veio com ele para Santa Maria, pois seu nome aparece
como padrinho de batismos. Não há referência com relação à mãe. É de se crer
que o mesmo tenha falecido em Santa Maria. Tanto o óbito do pai quanto do filho
não foi identificado até agora. As pesquisas continuam e vão chegar até.
Os relatos orais pelo lado de minha família indicam
que Balthazar Pinto de Aguiar tinha um irmão em Itaqui, chamado IGNACIO PINTO
DE AGUIAR, que era meu quarto avô paterno. Consta-se que ele eventualmente ia
de Santa Maria a Itaqui ver o irmão, que se deslocava da sesmaria Bittencourt,
onde morava, para encontrá-lo. Em 1808, encontramos registro de Balthazar
batizando alguém em São Borja, da qual Itaqui pertencia.
Com o período da turbulência da Revolução
Farroupilha, Santa Maria foi muito atingida nas propriedades e pessoas que eram
contra ou a favor do movimento. Balthazar, como era um líder monarquista, com
certeza sofreu a perseguição dos farrapos. Muitos proprietários tiveram que
abandonar a região. Acredito que Balthazar veio para cá com alguns filhos, como
tinha o irmão Ignacio e outros conhecidos e parentes, como os Silveira Dutra,
os Medeiros, que vieram também, além dos Fernandes Lima, com o qual sua esposa
(Luiza ou Luzia, tinha parentesco).
Ignácio Pinto de Aguiar, seu suposto irmão, nasceu
em 08 de agosto de 1806, não se sabe a cidade, mas na província do Rio Grande
do Sul e faleceu em Itaqui, no Rincão da Árvore, distrito distante uns 40 a 50
km da sede, em 25 de agosto de 1886. O curioso é que pesquisei, no Bispado de
Uruguaiana e encontrei o óbito de Ignacio, registrado pelo célebre padre José
de Noronha Nápoles Massa, dizendo que morreu de paralisia, que o seu estado era
de solteiro, contava com 78 anos, natural desta província e sua filiação era
ignorada, por ter sido exposto. Por isso é que tenho dúvida de que seja, de
fato, um irmão de Balthazar, visto que a diferença de nascimentos era
considerável. Balthazar nascera por volta de 1780 e Ignacio, 1806. Eu até posso
acreditar que seja um irmão de criação, já que foi de fato exposto. Mas exposto
onde? Quando Balthazar já estava no Rio Grande ou na Bahia?
Ignácio fixou-se na região do Rincão da Árvore,
estendendo seus campos até próximo do Mariano Pinto, com uma extensão enorme de
terra. No início arrendava campos, a partir de 1870 já começou a comprá-los.
Teve quatro mulheres diferentes, não casando com nenhuma, gerando 11 filhos e a
todos reconhecendo, deixando no testamento porções consideráveis para todos. O
interessante é que Felipe Nery de Aguiar foi escolhido por ele para ser o
testamenteiro.
Ignacio foi enterrado no cemitério de Ismael
Floriano Machado (que pertence a um outro lado de minha genealogia e do qual já
tenho um acervo grandioso de informações), no distrito que hoje leva o nome de
Figueiredo, que era o sobrenome dos pais da esposa de Ismael Floriano. Este
cemitério hoje faz parte dos herdeiros do famoso estancieiro Jácomo Bonapace,
mais conhecido como Polaco Bonapace, o qual tive o prazer de conhecê-lo. Era uma
figura folclórica e engraçada. Um tio, irmão de meu pai, muito tempo trabalhou
na estância dele e lá muitas vezes estive. Conta a tradição oral que esta
estância era do tempo de Ismael, que ali havia escravos, que muitos ficavam
presos em argolas em algumas peças da casa. Correm histórias de assombração as
mais encantadoras possíveis. Algumas eu colhi e registrei em meus arquivos.
Minha ascendência provém de Rosalina Lerina Pinto
de Aguiar, filha de Ignacio e Fermiana Rosa de Lima, mulher casada que há muito
vivia com ele. Rosalina casou com Honório Francisco dos Santos, nascido em
1852, em Santa Maria. Esses eram meus trisavós paternos, que geraram Higino
Francisco dos Santos casado com Ernestina Silveira dos Santos (meus bisavós),
por sua vez, pais de Osvaldo Silveira dos Santos casado com Virgilina Corrêa
dos Santos (meus avós) – pais de Waldemar Corrêa dos Santos casado com Élvia
Corrêa dos Santos (meus pais) – todos falecidos.
Voltando a Balthazar
Pinto de Aguiar, vamos encontrar sua filiação em Santa Maria, com sua
esposa Luzia Francisca Cabral (ou de
Lima), conforme pesquisa nas cópias recebidas:
1. Luiza (ou Luzia), nascida em
20.08.1809;
2. Braz Pinto de Aguiar, nascido
em 22.03.1811 - todos nascidos em Santa Maria;
3. Autta, batizada em 20.09.1814;
4. Maria do Carmo, nascida em
21.11.1815, casada com o português Francisco José Pereira Coimbra, cuja
filiação tem no meu livro, e viveram em Itaqui;
5. Manoel, nascido em 25.03.1817;
6. Ramão, nascido em 23.10.1818;
7. José, batizado em 11.06.1820;
8. Manoel, nascido em 12.03.1849,
seria o mesmo casado com Anna Fausta Alves Corte;
9. Antonio Pinto Cabral de Aguiar
casado com Innocencia Nunes de Aguiar;
10. Zeferino Pinto de Aguiar
casado com Josefina Antonia de Mattos;
11. Francisca, nascida em
13.09.1821;
12. Maria Antunina de Aguiar
casada com Faustino Machado;
13. Pedro, nascido em 20.06.1825;
14. Antonio, batizado em
11.05.1827 (não sei se não seria o filho de número 9.
15. Maria, batizada em maio de
1823, em Santa Maria.
Alguns nomes se repetem, talvez alguns morressem
cedo e ele volta a batizar com o mesmo nome. Sou fiel ao texto, copio na
íntegra, inclusive com a mesma grafia e os mesmos dados. Tem filhos que
aparecem casados, que eu não consegui data de nascimento ou batismo.
Noutro momento, tenho a filiação de alguns desses
filhos de Balthazar.
Dessa filiação, viveram em Itaqui: Braz Pinto de
Aguiar, pai do Cel. Felipe Nery de Aguiar, Maria do Carmo, que pelo que sei
tinha casa próxima ao teatro, em frente à praça; Manoel (n.º 8) que fez parte
da Guarda Nacional, assim como Ramão, que teria falecido por aqui. Não consegui
ainda localizar a data de óbito de Balthazar, creio que deve ser após 1854.
Os registros do passado eram inconstantes. Em
alguns apontamentos encontrei Balthazar desta forma, a grafia antiga; noutros,
como Baltazar apenas. Seu pai aparecia como Balthazar Antonio Pinto ou como
Baltazar Pinto de Aguiar. Sua mulher ora aparece como Luzia ou Luiza. Num
momento tem o sobrenome Cabral, noutro o Lima, mas nunca usa o nome do marido.
Será que casaram de fato? Nas minhas pesquisas sempre procurei ser fiel aos
registros, copiando integralmente tudo. Depois achava os erros e confrontava as
informações, “dialogando com a pesquisa”.
Para quem pesquisa precisa entender o período
pesquisado, a ideologia da época, a forma de se expressarem e as tendências
político-históricas envolvidas. O pesquisador tem que ser um pouco pesquisador
e um pouco historiador. A gente é um pouco isso. Eu me considero um arremedo de
pesquisador e, em alguns momentos uma espécie de “dublê de historiador”.
Em Itaqui existem diversos descendentes deste Tenente de Milícias, Balthazar Pinto de Aguiar. Aguardo, a partir de agora,
acréscimos de informações dos descendentes aqui ou fora do município.
Encontrei no Cartório de Dilermando de Aguiar, vários registro de crianças as quais quem fez o registro foi BALTAZAR PINTO DE AGUIAR, isso entre 1875/1903
ResponderExcluirGrato, amigo, pela lembrança , se tiver alguma informação, mada pra gente.
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