domingo, 3 de setembro de 2017

Genealogia Balthazar Pinto de Aguiar

GENEALOGIA BALTHAZAR PINTO DE AGUIAR
Um ferrenho opositor de Bento Gonçalves
Prof.º Paulo Corrêa dos Santos
As pesquisas da genealogia Pinto de Aguiar, no ramo de minha família, tem fundamento em dados paroquiais e outros, orais. Consta que os atuais descendentes provêm do Tenente de Milícias, Balthazar Pinto de Aguiar, natural da Bahia casado com Luzia Francisca Cabral (ou Lima).
Sua data de nascimento estipula-se por volta de 1780. Sua esposa era natural de Cachoeira do Sul, um dos primeiros municípios do Estado, filha de Antonio Cabral, de Santa Catarina, e de Eulalia Maria do Espírito Santo, de Viamão. Observa-se o trânsito das genealogias: Portugal/Brasil-Bahia-Santa Catarina - Rio Grande do Sul (Viamão-Cachoeira-Santa Maria-Itaqui...)
Na documentação do Bispado de Santa Maria da Boca do Monte, nos registros paroquiais ora aparece como Major ora como Capitão e, noutros, como Tenente de Milícias, pois fazia parte de um Regimento de Miliciano.
Aqui se radicou, vindo para Santa Maria no período de fundação, em sua fase Acampamento, acompanhando a Partida Demarcatória e recebendo terras na sesmaria do Inhatium, onde teria construído sua moradia, sendo o primeiro proprietário da estância de mesmo nome, existente até hoje, na região de São Gabriel. Na época, esse território fazia parte de Santa Maria, creio.
 
Sede da Estância Inhatium, propriedade de Balthazar Pinto de Aguiar, ainda preservada, em São Gabriel na divisa com Santa Maria da Boca do Monte.
Seus dados ainda precisam ser resgatados, porém sabe-se que foi Juiz de Paz, no período da Revolução Farroupilha, lutando ao lado dos legalistas contra os republicanos de Bento Gonçalves. Existe bibliografia que aponta o Juiz Baltazar Pinto de Aguiar como um dos ferrenhos opositores a Bento, inclusive organizando forças e reuniões contra os farroupilhas, sediando-se no distrito de Pau Fincado.
Na fase inicial de Santa Maria atuou de forma bastante intensa na organização política, participando de reuniões e era, como se supõe, uma autoridade respeitada e presente. É dele requerimentos ao governo do Estado pedindo providências para problemas de segurança do povo de Santa Maria.
Os registros de batismos da paróquia de Santa Maria mostram um número razoável de eventos onde o mesmo e sua esposa foram padrinhos, inclusive servindo de referência para estudo acadêmico atual, disponível na internet. Aparece batizando tanto crianças brancas quanto escravos ou filhos desses, ainda que fosse um dos grandes proprietários de cativos.
Em pesquisa nos livros de batismos da Catedral (gentilmente contatados e copiados pela itaquiense Dirce de Aguiar, radicada naquela cidade), foi-nos possível identificar o seguinte plantel de sua propriedade:
1.    Rita, batizada em 28.12.1818, escrava filha de Engracia, nação Congo, pai incógnito;
2.    Maria, batizada em 14.06.1820, de pais incógnitos;
3.    José, batizado em 14.06.1820, adulto, do Congo;
4.    Maria, (outra), batizada em 14.06.1820, do Congo;
5.    Joaquim, batizado em 19.06.1820, adulto;
6.    Adão, filho de Engracia, Congo, pai incógnito, batizado em 01.06.1814;
7.    Manoel, batizado em 18.05.1815, adulto, Congo, mais ou menos 18 anos;
8.    Paullo, batizado em 18.05.1815, adulto, mais ou menos 19 anos.
Talvez existam outros mais, pois a pesquisa foi apenas num espaço de tempo que as cópias permitiram.
O Capitão Balthazar Pinto de Aguiar era filho de Balthazar Antonio Pinto, natural da região de Tras-os-Montes, de Portugal, ou ainda aparece como sendo natural de Lisboa. Veio para o Brasil casando-se com Adriana Felicia de Santa Anna, natural da Bahia, não se sabe a cidade.
Alguns registros de batismos mostram que seu pai, Balthazar Antonio Pinto veio com ele para Santa Maria, pois seu nome aparece como padrinho de batismos. Não há referência com relação à mãe. É de se crer que o mesmo tenha falecido em Santa Maria. Tanto o óbito do pai quanto do filho não foi identificado até agora. As pesquisas continuam e vão chegar até.
Os relatos orais pelo lado de minha família indicam que Balthazar Pinto de Aguiar tinha um irmão em Itaqui, chamado IGNACIO PINTO DE AGUIAR, que era meu quarto avô paterno. Consta-se que ele eventualmente ia de Santa Maria a Itaqui ver o irmão, que se deslocava da sesmaria Bittencourt, onde morava, para encontrá-lo. Em 1808, encontramos registro de Balthazar batizando alguém em São Borja, da qual Itaqui pertencia.
Com o período da turbulência da Revolução Farroupilha, Santa Maria foi muito atingida nas propriedades e pessoas que eram contra ou a favor do movimento. Balthazar, como era um líder monarquista, com certeza sofreu a perseguição dos farrapos. Muitos proprietários tiveram que abandonar a região. Acredito que Balthazar veio para cá com alguns filhos, como tinha o irmão Ignacio e outros conhecidos e parentes, como os Silveira Dutra, os Medeiros, que vieram também, além dos Fernandes Lima, com o qual sua esposa (Luiza ou Luzia, tinha parentesco).
Ignácio Pinto de Aguiar, seu suposto irmão, nasceu em 08 de agosto de 1806, não se sabe a cidade, mas na província do Rio Grande do Sul e faleceu em Itaqui, no Rincão da Árvore, distrito distante uns 40 a 50 km da sede, em 25 de agosto de 1886. O curioso é que pesquisei, no Bispado de Uruguaiana e encontrei o óbito de Ignacio, registrado pelo célebre padre José de Noronha Nápoles Massa, dizendo que morreu de paralisia, que o seu estado era de solteiro, contava com 78 anos, natural desta província e sua filiação era ignorada, por ter sido exposto. Por isso é que tenho dúvida de que seja, de fato, um irmão de Balthazar, visto que a diferença de nascimentos era considerável. Balthazar nascera por volta de 1780 e Ignacio, 1806. Eu até posso acreditar que seja um irmão de criação, já que foi de fato exposto. Mas exposto onde? Quando Balthazar já estava no Rio Grande ou na Bahia?
Ignácio fixou-se na região do Rincão da Árvore, estendendo seus campos até próximo do Mariano Pinto, com uma extensão enorme de terra. No início arrendava campos, a partir de 1870 já começou a comprá-los. Teve quatro mulheres diferentes, não casando com nenhuma, gerando 11 filhos e a todos reconhecendo, deixando no testamento porções consideráveis para todos. O interessante é que Felipe Nery de Aguiar foi escolhido por ele para ser o testamenteiro.
Ignacio foi enterrado no cemitério de Ismael Floriano Machado (que pertence a um outro lado de minha genealogia e do qual já tenho um acervo grandioso de informações), no distrito que hoje leva o nome de Figueiredo, que era o sobrenome dos pais da esposa de Ismael Floriano. Este cemitério hoje faz parte dos herdeiros do famoso estancieiro Jácomo Bonapace, mais conhecido como Polaco Bonapace, o qual tive o prazer de conhecê-lo. Era uma figura folclórica e engraçada. Um tio, irmão de meu pai, muito tempo trabalhou na estância dele e lá muitas vezes estive. Conta a tradição oral que esta estância era do tempo de Ismael, que ali havia escravos, que muitos ficavam presos em argolas em algumas peças da casa. Correm histórias de assombração as mais encantadoras possíveis. Algumas eu colhi e registrei em meus arquivos.
Minha ascendência provém de Rosalina Lerina Pinto de Aguiar, filha de Ignacio e Fermiana Rosa de Lima, mulher casada que há muito vivia com ele. Rosalina casou com Honório Francisco dos Santos, nascido em 1852, em Santa Maria. Esses eram meus trisavós paternos, que geraram Higino Francisco dos Santos casado com Ernestina Silveira dos Santos (meus bisavós), por sua vez, pais de Osvaldo Silveira dos Santos casado com Virgilina Corrêa dos Santos (meus avós) – pais de Waldemar Corrêa dos Santos casado com Élvia Corrêa dos Santos (meus pais) – todos falecidos.
Voltando a Balthazar Pinto de Aguiar, vamos encontrar sua filiação em Santa Maria, com sua esposa Luzia Francisca Cabral (ou de Lima), conforme pesquisa nas cópias recebidas:
1. Luiza (ou Luzia), nascida em 20.08.1809;
2. Braz Pinto de Aguiar, nascido em 22.03.1811 - todos nascidos em Santa Maria;
3. Autta, batizada em 20.09.1814;
4. Maria do Carmo, nascida em 21.11.1815, casada com o português Francisco José Pereira Coimbra, cuja filiação tem no meu livro, e viveram em Itaqui;
5. Manoel, nascido em 25.03.1817;
6. Ramão, nascido em 23.10.1818;
7. José, batizado em 11.06.1820;
8. Manoel, nascido em 12.03.1849, seria o mesmo casado com Anna Fausta Alves Corte;
9. Antonio Pinto Cabral de Aguiar casado com Innocencia Nunes de Aguiar;
10. Zeferino Pinto de Aguiar casado com Josefina Antonia de Mattos;
11. Francisca, nascida em 13.09.1821;
12. Maria Antunina de Aguiar casada com Faustino Machado;
13. Pedro, nascido em 20.06.1825;
14. Antonio, batizado em 11.05.1827 (não sei se não seria o filho de número 9.
15. Maria, batizada em maio de 1823, em Santa Maria.
Alguns nomes se repetem, talvez alguns morressem cedo e ele volta a batizar com o mesmo nome. Sou fiel ao texto, copio na íntegra, inclusive com a mesma grafia e os mesmos dados. Tem filhos que aparecem casados, que eu não consegui data de nascimento ou batismo.
Noutro momento, tenho a filiação de alguns desses filhos de Balthazar.
Dessa filiação, viveram em Itaqui: Braz Pinto de Aguiar, pai do Cel. Felipe Nery de Aguiar, Maria do Carmo, que pelo que sei tinha casa próxima ao teatro, em frente à praça; Manoel (n.º 8) que fez parte da Guarda Nacional, assim como Ramão, que teria falecido por aqui. Não consegui ainda localizar a data de óbito de Balthazar, creio que deve ser após 1854.
Os registros do passado eram inconstantes. Em alguns apontamentos encontrei Balthazar desta forma, a grafia antiga; noutros, como Baltazar apenas. Seu pai aparecia como Balthazar Antonio Pinto ou como Baltazar Pinto de Aguiar. Sua mulher ora aparece como Luzia ou Luiza. Num momento tem o sobrenome Cabral, noutro o Lima, mas nunca usa o nome do marido. Será que casaram de fato? Nas minhas pesquisas sempre procurei ser fiel aos registros, copiando integralmente tudo. Depois achava os erros e confrontava as informações, “dialogando com a pesquisa”.
Para quem pesquisa precisa entender o período pesquisado, a ideologia da época, a forma de se expressarem e as tendências político-históricas envolvidas. O pesquisador tem que ser um pouco pesquisador e um pouco historiador. A gente é um pouco isso. Eu me considero um arremedo de pesquisador e, em alguns momentos uma espécie de “dublê de historiador”.
Em Itaqui existem diversos descendentes deste Tenente de Milícias, Balthazar Pinto de Aguiar. Aguardo, a partir de agora, acréscimos de informações dos descendentes aqui ou fora do município.

                               


2 comentários:

  1. Encontrei no Cartório de Dilermando de Aguiar, vários registro de crianças as quais quem fez o registro foi BALTAZAR PINTO DE AGUIAR, isso entre 1875/1903

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  2. Grato, amigo, pela lembrança , se tiver alguma informação, mada pra gente.

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