sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Itaqui - um cego, barras de ouro e os rigores da lei!

Itaqui – um cego, barras de ouro e os rigores da lei!
Um flash curioso do passado.
Esta igreja compunha o cenário desta curiosa notícia.

Prof.º Paulo Santos
Corria o ano de 1899.
No entrevero das guerras e revoluções, Itaqui respirava um ar de calmaria.
Cigarras bordejavam pelos frondosos ipês em seu uníssono concerto, trilha sonora para um cenário de modorra e inércia. Uma paz exagerada.
Seis anos passados e a Federalista comia solta. Picapaus e maragatos batiam adagas num combate desigual. Três décadas antes, os paraguaios davam serviço a essa gente.
Do extertor da Monarquia para o estabelecimento da República, muitos debates, intrigas, atentados, mortes encomendadas de parte a parte, prisões, perseguições, ódios e ressentimentos.
Água na ebulição máxima do caldeirão!
Agora – 1899. Ânimos refreados. Beatas com seus véus escuros e terço nas mãos cruzam a rua da Igreja. Contritos senhores embigodados atravessam o centro empertigados na condução de suas jardineiras. Um bando de guris de calças curtas e pés no chão espreitam numa esquina.
Um tempo terno e plácido.
Um fato curioso vem quebrar esse monótono ambiente.
Eis que um cego aparece pela cidade, acompanhado de um guia que o ajudava a pedir pelas ruas.
A polícia local desconfiou daquela cegueira e chamou o distinto aos conformes. Interpelado, o dito cujo foi encaminhado para a casa de saúde do povo (creio que o antigo Hospital na área próxima ao bairro Cerrinho).
O delegado, louco de vivo, mandou examiná-lo, dizendo que estava num hospital e que iria ser operado para restituir a visão. Para tanto, foi avisado que seria necessário uma anestesia.
O finório “abriu o olho”! Medo, desespero, pavor, não sei que sensações dele se apossou.
Respondeu: - “ Não, doutor, não há necessidade, estou bem. Vejo perfeitamente, muito obrigado!”
Milagre! Milagre, pensaram. Mas os homens da lei não eram bobos. Os policiais detiveram-no e fizeram uma revista. Nos bolsos e pertences do “pobre pedinte” encontraram regular quantidade de ouro e papel, além de algumas armas. O mesmo ocorreu com o seu companheiro.
Que barbaridade! Enquadrado nos costumes de então, o pseudocego teve a carreira frustrada. Sem querer, alguém, não se sabe como, abriu-lhe os olhos!
Como diria um folclórico técnico de futebol com suas tiradas hilárias:
 “O pior cego é aquele que não vê!”

Verdade. E pensar que nesses tempos modernos é que grassam os espertalhões. Olho vivo sempre existiu. 

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