segunda-feira, 28 de agosto de 2017

As historietas familiares do passado itaquiense

AS HISTORIETAS FAMILIARES DO PASSADO ITAQUIENSE
Lenço maragato como mortalha!
Prof.º Paulo Santos
O passado nos traz tantas pequenas histórias, engraçadas, singulares e únicas, que servem para entender outros tempos e realidades e, juntamente, compreender o comportamento de nossas genealogias. São os instantâneos pretéritos.
Minha bisavó paterna, Ernestina Silveira dos Santos, esposa de Higino Francisco dos Santos, tinha um gênio difícil de se lidar: intempestiva, nervosa e furiosa, às vezes. Tinha o apelido, por isso, de “Bugia”. Vivia sozinha, isolada, quando tinha suas crises, tocava o marido de casa, conforme registros dos parentes.
Vendia as tropas de boi e guardava o dinheiro num armário, colocando-o embaixo dos pratos. Isso tudo são depoimentos dos descendentes.
Quando se sentiu mal, prestes a morrer, chamou meu avô materno, Thimoteo Floriano Corrêa, com que se simpatizava muito e pediu que mandassem comprar em Maçambará um pedaço de pano vermelho para lhe servir de mortalha em seu caixão. Era uma maragata.
Thimoteo Floriano Corrêa relatou o pedido à família, dizendo também onde ela escondia o dinheiro. Os filhos não aceitaram e colocaram um pano preto quando ela faleceu poucos momentos depois.
Dias após, segundos os relatos das pessoas que viveram aquela situação, Ernestina apareceu na forma de espírito, em sonho, para minha avó materna, Isabel Mello Corrêa, esposa de Thimoteo, queixando-se de terem colocado aquele lenço preto, sentindo-se sufocada. Tinham renegado suas convicções de maragata.
Ficou sabendo-se que, inicialmente, a família procurara o pano vermelho, que ela guardava num antigo baú. Encontraram-no extremamente puído, sem condições de colocar como mortalha.
Ernestina casara com Higino, gerando os seguintes filhos: Ariobaldo, Vilebaldo, Ifibaldo e Osvaldo( meu avô, pai de Waldemar Corrêa dos Santos, já falecido, meu pai.).
Guardo com muito carinho esses instantâneos do nosso pretérito itaquiense e familiar. Mandem para nós suas histórias familiares, isso é legal e resgata o passado de uma forma tão descontraída e terna – e sigamos vivendo o presente, dentro de nossa sociedade plural, cheia de ações e vivências que farão parte do futuro do presente.
Se forem críveis ou não, isso fica no plano do imponderável e do possível. Acreditar é um direito insofismável. Da mesma forma, a discordância é prima-irmã da verdade. Ambas são o retrato da dubiedade humana.

Afinal, o passado é uma mistura de racionalismo com excessos de doses épicas, elogios mirabolantes, lendas, misticismos e fantasias. O imaginário familiar soma-se ao imaginário coletivo, tornando-se tudo bem possível!
Líderes maragatos, alguns  tiveram em Itaqui em 1893, na Federalista.

2 comentários:

  1. Quer dizer que o Professor Paulo, conhecido torcedor tricolor de nossa cidade, tinha bisavó Maragata? E que voltou do lado do Divino para reclamar que não colocaram o manto Colorado em sua mortalha? Pode isso Professor?

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    1. Pois é. O passado tem dessas. Era minha bisavó materno-paterno. Esse colorado fica mais para o plano da predileção político-partidária de então. Esses instantâneos do passado são interessantes para se repensar o presente.

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