quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Período republicano em Itaqui

PERÍODO REPUBLICANO EM ITAQUI
Nos meandros do poder – caudilhos e coronéis num amálgama politiqueiro!
Foto Cel Felipe Nery de Aguiar


Prof.º Paulo Santos

Itaqui, após o advento da República, teve sua trajetória política delineada pela atuação dos republicanos. O Partido Republicano , liderado pelo caudilho Júlio de Castilhos sempre comandou as rédeas do poder local. Contendas, como as verificadas entre os seguidores de Júlio de Castilhos e Silveira Martins serviram de álibi à famigerada Revolução Federalista, iniciada, em todo o Estado, em 1893.
A linha do tempo do governo itaquiense está estruturada em três fases: 1.ª a das Câmaras Municipais; a 2.ª a dos Intendentes e a 3.ª, dos Prefeitos. O presidente da 1.ª Câmara Municipal foi o Cel Antonio Fernandes Lima¹. Essas Câmaras, denominadas de Conselhos Municipais, duraram até 1889, quando assumiu o governo republicano. Neste ano, era presidente da Câmara Municipal de Vereadores, o Dr.º Eduardo Fernandes Lima, um sobrinho do 1.º presidente, Cel. Antonio Fernandes Lima.
Na República, o primeiro intendente, nomeado, foi o Cel Felipe Nery de Aguiar, em 1892, sendo eleito em 1896. Descendentes desse militar ainda vivem em Itaqui, sendo outros espalhados por todo o Brasil. Felipe Nery nasceu em 7 de março de 1845, em Itaqui, filho de imigrante português. Seu pai era Braz Pinto de Aguiar casado com Maria Josefa Lopes de Aguiar, ambos de Santa Maria. Seu avô paterno era o Tenente de Milícias, Baltazar Pinto de Aguiar, nascido na Bahia, casado com Luiza Francisca Cabral, natural de Cachoeira, um dos primeiros municípios do Rio Grande. Luzia tinha parentesco com o Coronel Antonio Fernandes Lima. Baltazar no período da Revolução Farroupilha era um dos inimigos de Bento Gonçalves, respeitado como tal. O bisavô de Felipe, Baltazar Antonio Pinto (ou Pinto de Aguiar) veio de Portugal, talvez da freguesia de Aguiar, casando no Brasil, com a baiana Adriana Felícia de Santana.
Os pais de Felipe Nery migraram de Santa Maria da Boca do Monte no horror da revolução farrapa onde não se respeitavam as famílias e propriedades dos inimigos. Sendo seu pai um líder imperial, Braz trouxe a família para a fronteira, aqui adquirindo terras. Felipe casou com sua prima, Cândida Lopes de Aguiar.
Tiveram uma única filha, Felicidade de Aguiar Caldeira, casada com Maurílio Xavier Caldeira. Esse casal gerou a seguinte prole: Elisa, Elida, Hilda, Alda, Otília e Felipe. De Elisa Caldeira Degrazia casada com Paschoal Degrazia descendem José Felipe, Milton, Edilberto, Vanda, Roque, Ilza, Marina, Gilda. Muitos já faleceram. São bisnetos do Cel Felipe Nery de Aguiar, em Itaqui, a sra. Gilda Degrazia Saadi, viúva do Dr. Chaphick Saad e sr.ª Ilza Caldeira. Uma pessoa muito querida na comunidade, o seu Roquinho, da lotérica, era também um dos bisnetos do primeiro intendente. Salvo algumas imprecisões, esse é um breve relato da genealogia dessa personagem da história itaquiense pouco conhecida. Felipe Nery de Aguiar era primo-irmão de meu trisavô paterno paterno – Augusto Silveira Dutra. A mãe de Augusto, Ana Teixeira Conrad (Lopes) era irmã da mãe de Felipe.
Meu trisavô, Augusto, em 1897, teve sua fazenda assaltada por um grupo de malevas. Houve tiroteios e o mesmo foi ferido gravemente na perna. Entretanto, Augusto e sua família rechaçaram a invasão e os salteadores fugaram. Nesse período, Felipe Nery de Aguiar providenciou um soldado da guarda municipal para guarnecer a dita fazenda. Coisas do passado. Benesses de família.
Vencida essa etapa, inaugura-se, por outro lado, a fase das prefeituras, O primeiro a ocupar o cargo de prefeito foi Otávio Silveira, em 1938.


Um comentário:

  1. E foi nessa viagem a Itaqui que Braz Pinto de Aguiar, trouxe as mulheres e crianças para a fronteira, para protege-las dos horrores das guerras. Minha bisa, OLIVIA PINTO DE AGUIAR, estava nesse comboio, ela fez uma viagem um tanto difícil e dolorosa para uma criança com idade entre 4 e 5 anos de idade, devido as circunstâncias com que foi transportada e pela possibilidade do reinício de uma outra vida a qual limitava sua verdadeira identidade.
    A bisa OLIVIA, por ser negra e criança, veio transportada, dentro de um barril de madeira, com as pernas encolhidas e quem sabe um tanto temerosa para uma criança. A viagem foi longa pois as estradas do RS não apresentavam boas condições e a bisa estava dentro de um barril, com as pernas encolhidas, o qual foi colocado em uma carroça, como se fosse parte da mercadoria que a família transportava para a fronteira. Contado por familiares, a bisa por anos apresentou problemas de má circulação nas pernas.
    Foi então nesse período “Histórico de Itaqui-RS” que ela foi entregue aos cuidados de FELIPE NERY DE AGUIAR e a partir desse dia que a história de minha bisa OLIVIA se cruzou com a "História das primeiras Famílias" a povoar e ajudar o Itaqui no desenvolvimento econômico e cultural de nossa terra.

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